Por: Sarah Campos
Com o clima aflorado das eleições, o esporte e seu envolvimento com a política se tornaram grandes pautas. Vários atos de protesto já foram vistos em diferentes esportes ao redor do mundo, como por exemplo fazer um pedido para que a torcida vá votar e até mesmo cerrar os pulsos em uma premiação olímpica.
Em meio à ditadura militar, por exemplo, nasceu a Democracia Corinthiana. O movimento durou de 1982 a 1984 e foi encabeçado por grandes jogadores, que participaram do comício das Diretas Já.
Além disso, em uma época não muito distante, os atletas da F1 foram proibidos de se manifestar sobre o movimento Black Lives Matter.
Dado alguns eventos recentes, dessa forma, reunimos 6 eventos em que um evento esportivo foi usado como manifestação política.
Jogador de futebol Sócrates comemora gol pelo Corinthians em 1983; Nas Olimpíadas do México de 1968 os atletas americanos Tommie Smith e John Carlos; Jesse Owens durante os jogos de 1936; Irmo Celso, John Dominis/The LIFE Picture Collection e Fox Photos/Getty Images
Jesse Owens x Hitler
O velocista Jesse Owens, afro-americano, conquistou quatro medalhas de ouro nos jogos de Berlim, em 1936, e negou-se a olhar para a tribuna de Hitler no Estádio Olímpico.
Adolf Hitler pretendia usar aquela edição dos jogos como propaganda do Regime Nazista. Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) proíbe em seu regulamento as manifestações durante os Jogos Olímpicos.
Anos mais tarde, em 1968, os americanos Tommie Smith, medalha de ouro, e John Carlos, medalhista de bronze, realizaram um protesto silencioso e muito significativo nos Jogos da Cidade do México em 1968.
Na ocasião, ambos subiram ao pódio descalços, com a cabeça baixa e ergueram o punho fechado com uma luva preta, remetente a uma saudação consagrada pelos Panteras Negras – grupo de combate à discriminação nos EUA-. Por conta do protesto, os dois atletas foram expulsos da Vila Olímpica.
EUA x URSS: boicote olímpico
Os jogos Olímpicos no auge da Guerra Fria acabaram perdendo duas de suas grandes potências por conta dos conflitos políticos. Em Moscou, 1980, os Estados Unidos anunciaram que não participariam do torneio, em represália a uma intervenção soviética no Afeganistão, no ano anterior. Quatro anos mais tarde, a URSS anunciou boicote aos Jogos de Los Angeles, 1984, alegando que seus atletas não estariam protegidos de possíveis protestos e ataques americanos que poderiam vir a acontecer.
DE CLAY A ALI
Em 1967, o pugilista americano Cassius Clay mudou seu nome para Muhammad Ali e, após a conquista do cinturão dos pesos-pesados, converteu-se ao islamismo, influenciado pelo então ativista negro Malcom X. O pugilista já era um símbolo quando se fala de luta contra o preconceito racial.
Vale mencionar que ele foi convocado para defender os EUA, seu país natal, na Guerra do Vietnã, mas se recusou por motivos religiosos e acabou perdendo o cinturão, além de ter sido multado em US$10.000 e punido com cinco anos de prisão.
Ele decidiu apelar aos tribunais e acabou sendo absolvido pela Suprema Corte, se tornando uma das maiores lendas do boxe.
MUSSOLINI E A COPA DE 1934
Pouco antes da Segunda Guerra Mundial , a Itália sediou a Copa do Mundo de 1934. Benito Mussolini – ditador que comandou o país- utilizou-se da popularidade da competição para difundir as ideias fascistas.
Com a Itália ganhando o título, ele então pode “exaltar a supremacia fascista italiana”. Antes das partidas, os atletas italianos faziam o símbolo fascista para o líder, que estava presente nas arquibancadas. Até o mundial de 1938 as cobranças do “Duce” duraram, com as pressões da mensagem “vencer ou morrer”.
MANDELA NO MUNDIAL DE RÚGBI EM 1995
Nelson Mandela foi o primeiro presidente negro eleito após o fim do Apartheid, regime de segregação racial adotado na África do Sul, entre 1948 e 1994.O movimento cerceava os direitos da maioria dos habitantes negros do país.
Mandela chegou ao poder no fim de 1994 e utilizou-se do Mundial de Rúgbi de 1995 para unir o povo local. O esporte era o preferido da minoria branca.
O time sul-africano fez uma campanha vitoriosa e fez com que os negros que torciam contra a seleção, apoiassem o time, enquanto os brancos, que eram contra as mudanças que o país estava passando, aceitassem melhor a nova fase da nação, com um novo hino, bandeira e presidente.
DEMOCRACIA CORINTHIANA
O Brasil ainda vivia sob o cenário da Ditadura Militar quando o movimento de atletas politizados, de um dos clubes mais populares do país, ganhou notoriedade. Uma nova diretoria assumiu o Corinthians a partir de 1981 e os atletas passaram a reivindicar maior poder de decisão em momentos importantes, como contratações e premiações.
Sócrates era um dos líderes do movimento, assim como Wladimir e Casagrande. O movimento foi crescendo e a equipe do Parque São Jorge passou a ser um símbolo de luta em favor da democracia.