Na Inglaterra, Carlos Sainz venceu seu primeiro GP após uma prova repleta de reviravoltas. Entenda
Silverstone, Inglaterra. O primeiro circuito a abrigar uma corrida de Fórmula 1 recebeu o 57° Grande Prêmio de sua história neste final de semana (01, 02 e 03 de julho). Na corrida de domingo, os milhares fãs em Silverstone viram a primeira vitória de Carlos Sainz (Ferrari), em sua 150° largada na Fórmula 1. Sergio Pérez (Red Bull Racing), em segundo, e Lewis Hamilton (Mercedes), em terceiro, completaram o pódio.
Além da vitória inédita, Sainz teve outro motivo para sorrir na Inglaterra. O piloto espanhol havia conquistado sua primeira pole position no sábado. Com um tempo de 1:40:983, o ferrarista surpreendeu e ficou a frente dos favoritos. Max Verstappen, da Red Bull Racing, com 1:41:055, e Charles Leclerc, companheiro de equipe de Carlos, com 1:41:298, ficaram em segundo e terceiro no grid de largada, respectivamente. A qualificação foi de baixo de chuva, o que obrigou o pilotos a usarem pneus intermediários.

Domingo em Silverstone
Definidas as posições, os carros se posicionaram no grid no domingo e vivenciaram caos assim que as luzes vermelhas se apagaram. Na largada, George Russell, da Mercedes, tocou Zhou Guanyu, da Alfa Romeo, e o chinês capotou – seu carro deslizou de cabeça para baixo e só parou na cerca de proteção que separa o circuito dos fãs.
Simultaneamente, Alexander Albon, da Williams, foi atingido pela Aston Martin de Sebastian Vettel e colidiu com o muro. Após a batida, Albon ainda se chocou com Esteban Ocon (Alpine) e Yuki Tsunoda (AlphaTauri).
Durante a primeira volta, os acidentes preocuparam devido aos impactos. Contudo, a Alfa Romeo informou que Zhou está consciente e sem fraturas. Já o piloto da Williams precisou ser levado do centro médico de Silverstone a um hospital próximo – porém, ele estava consciente também.

As batidas motivaram uma bandeira vermelha que durou cerca de 54 minutos. Ao longo desse tempo, manifestantes tentaram invadir a pista. Segundo um comunicado da F1, “essas pessoas foram imediatamente removidas e o assunto está sendo tratado pelas autoridades locais”.
Sem Zhou, Russell e Albon, a corrida, finalmente, foi reiniciada. Os carros foram reposicionados de acordo com a qualificação – Carlos Sainz na pole position, Verstappen em seguida e assim por diante. A ordem dos monopostos havia sido alterada na primeira largada, mas, como completaram nem sequer uma volta antes da interrupção, as mudanças foram desconsideradas.
No reinício, Sainz manteve a liderança sobre Verstappen, mas foi ameaçado ao longo do giro de abertura. Leclerc e Perez se colocaram na briga por posições com seus companheiros de equipes e fizeram contato entre si – o mexicano teve que trocar seu bico. Ao final, as posições iniciais foram mantidas e Sainz ficou na ponta, seguido do carro 1 de Verstappen e do 16 de Leclerc.
Lewis Hamilton, que acabou no pódio, largou em quinto, mas foi ultrapassado por Norris ainda no começo da prova. Com a autorização da asa móvel pela direção de prova, ele retornou ao seu lugar de início. Ambos os pilotos, entretanto, subiram uma posição quando Perez foi para os boxes.
O pelotão da frente se distanciou do restante dos carros e Verstappen se preparava para tomar a ponta de Sainz. Dito e feito. Na décima volta, o holândes ultrapassou o espanhol. Ao mesmo tempo, os companheiros de equipe Tsunoda e Pierre Gasly se tocaram e rodaram, perdendo posições. O francês abandonou algumas voltas depois por avarias visíveis no carro, que motivaram uma bandeira preta e laranja e não puderam ser consertadas nos boxes.
Voltando para as primeiras colocações, Max teve problemas no carro e precisou trocar os pneus na 12° volta. O atual campeão sofria de falta de pressão aerodinâmica na traseira e achava que precisaria aposentar o carro – ideia que foi negada por seu time. A dificuldade persistiu e ele lutou no pelotão intermediário pelo restante da prova, disputando posições com Vettel, Ocon e Mick Schumacher, da Haas.
Na frente, as Ferraris aproveitaram a saída do concorrente da briga pelo P1. Sainz seguia na liderança, mas passou a ser constantemente ameaçado por Leclerc. Começou, assim, uma discussão por rádio. O monegasco estava mais rápido, e uma vitória poderia recolocá-lo na disputa pelo título de pilotos. Então, ele reclamava e pedia para que o pit wall obrigasse o espanhol a ceder a posição. A equipe passou a exigir que o carro 55 acelerasse.
Porém, a ordem de pisar no acelerador significava mais que Sainz provar-se digno do topo. Hamilton crescia no retrovisor das Ferraris, aproximando-se a cada giro. Se os carros continuassem a disputa, seriam facilmente ultrapassados.

Nesse cenário, Carlos foi para os boxes, Charles assumiu a primeira posição, e Lewis, a segunda. Sainz voltou em terceiro, de pneus duros. Os dois da frente tinham terreno para acelerar, e assim fizeram, até que Leclerc fosse parado na volta 26. Ele saiu dos boxes em terceiro e Lewis, maior vencedor de Silverstone – com oito vitórias – ficou na ponta pela primeira vez na temporada.
O heptacampeão tinha 17s de vantagem e precisaria abrir 20s para ir aos boxes sem perder a posição. Ele, então, acelerava o máximo que podia. O britânico vinha fazendo as melhores voltas da corrida, mas os pneus novos de Charles eram melhores e impediam que a vantagem crescesse.
Além de fazer as melhores voltas, o piloto 16 estava concentrado em disputar com seu companheiro de equipe pelo P2. Para Leclerc, a Ferrari lavou as mãos e disse que eles estavam livres para lutar. Para Sainz, a scuderia impôs um tempo mínimo de volta para que eles não invertessem os carros. Como o espanhol não conseguiu, ele tirou o pé e, na 31° volta, Charles Leclerc iniciou sua caça a Hamilton, que tinha 18s de vantagem e pneus se desgastando cada vez mais.
Os tempos de Leclerc ficaram ainda melhores e o heptacampeão foi obrigado a parar na 34° volta. Ele retornou em terceiro, longe das Ferraris. Vale citar que, paralela à emoção do bloco da frente, Valtteri Bottas, da Alfa Romeo, precisou abandonar na 22° volta devido a um problema no câmbio. Voltando a Charles e Carlos contra Lewis, a distância entre os ferraristas e o mercedista se manteve até o giro 39, quando o safety car entrou na pista.
No pelotão intermediário, Ocon teve problemas na bomba de combustível e parou no meio do circuito. Dessa forma, a bandeira amarela foi acionada e seu carro, retirado. O francês se encontrava em P8 e havia ultrapassado Verstappen duas voltas antes.
Enquanto o carro de segurança controlava o ritmo dos demais, diversos pilotos trocaram seus pneus médios/duros por macios. Porém, o líder da prova Charles Leclerc se manteve na pista. Ele usava um composto duro de 16 voltas, já seus principais concorrentes colocaram mais novos e mais rápidos pneus.
Na volta 43, após os retardatários Daniel Ricciardo (McLaren) e Tsunoda ultrapassarem o safety car e os carros estarem devidamente posicionados – próximos uns aos outros-, foi dada a relargada.
Charles não conseguiu conter Sainz, que assumiu a primeira posição. Pérez, que fazia uma corrida de recuperação após trocar seu bico ainda na segunda volta, ultrapassou Hamilton e iniciou uma disputa com Leclerc. O mexicano e o monegasco brigavam pela segunda posição, quando Lewis, aproveitando a situação, ultrapassou ambos os monopostos de uma vez na volta 46. Como “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, Pérez e Leclerc se uniram para retomarem suas colocações, indo, juntos, para cima do heptacampeão.
Durante a briga, o piloto da Red Bull chegou a sair da pista para cortar caminho. Ele também forçou Charles para fora do circuito. Porém, a direção da prova decidiu que não havia necessidade de investigação, nem, portanto, de punições.

Enquanto os três lutavam, a McLaren de Lando Norris e a Alpine de Fernando Alonso também se aproximaram, dando ainda mais emoção à disputa. Porém, não chegaram a se intrometer no confronto e apenas administraram suas posições.
Voltando ao trio, Pérez conseguiu passar Leclerc e abriu vantagem na segunda colocação. O monegasco focou, então, em se manter no pódio – ele duelou com Lewis por mais três giros, mas seus pneus desgastados o impediram de lutar mais.
Assim continuou até a bandeira quadriculada. Carlos Sainz, tido como segundo piloto da Ferrari, em seu 150° GP, após conquistar uma pole position inédita e disputar posições com seu companheiro de equipe, cruzou a linha de chegada em P1 pela primeira vez em sua carreira. Ele ainda fazia a melhor volta da corrida, mas Lewis tomou o feito no último giro.
O resultado final em Silverstone, a décima corrida da temporada, foi: Sainz, Pérez, Hamilton, Leclerc, Alonso, Norris, Verstappen, Schumacher, Vettel, Magnussen, Stroll, Latifi, Ricciardo e Tsunoda. Sergio Pérez foi eleito o “piloto do dia” por votação popular.

Outro destaque da corrida foi o filho do heptacampeão Michael Schumacher. Mick conquistou seus primeiros pontos na Fórmula 1. O alemão está em sua segunda temporada na categoria.
A prova na Inglaterra mexeu com o campeonato de pilotos, mas não muito. Verstappen segue na liderança, com 181 pontos, seguido de Pérez (147) e Leclerc (138). A principal mudança foi a inversão de Sainz e Russell. O espanhol, agora, é quarto (127) e o britânico, quinto (111). Hamilton (93), Norris (58), Bottas (46), Ocon (39) e Alonso (28) completam o top 10.