Com a morte de Hitler e o final da Segunda Guerra Mundial, esperava-se que o nazismo virasse apenas uma memória. Mas ele tem sido cada vez mais frequente atualmente, veja mais
Com a morte de Hitler e o final da Segunda Guerra Mundial, esperava-se que o nazismo virasse apenas uma memória. Mas ele tem sido cada vez mais frequente atualmente, veja mais
Hoje, 30 de abril, faz exatos 77 anos que Adolf Hitler se suicidou. A morte dele representou o início do fim daquilo que talvez tenha sido o maior horror que a humanidade já viu: o nazismo. O regime chefiado por Hitler, que se autodenominava Führer, foi responsável pela morte de pelo menos cinco milhões de judeus – isso sem contar todos os outros grupos assassinados no Holocausto e os soldados que faleceram em batalha.
A forma de governo nacional-socialista (o nome pode enganar, mas a ideologia era de extrema-direita) tinha como principais características o totalitarismo, o nacionalismo, o militarismo, o anticomunismo e a exaltação “raça ariana”. Essa última ganha destaque devido às atitudes xenofóbicas e racistas a que levou, incluindo o extermínio daqueles que não eram parte dessa população “pura”, descendente do povo ariano.
O nazismo foi também o grande responsável pela deflagração da Segunda Guerra Mundial – um conflito que dispensa apresentações. Esse embate se arrastava há seis anos quando Hitler sai de cena. O suicídio do líder alemão foi o ato ideal para a queda do regime, que já estava enfraquecido, e vitória dos aliados – encabeçados por Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética.
Com o final da IIGM, o mundo viveu momentos marcantes devido às tentativas de correção dos pensamentos nazistas. Desde 1945, a humanidade presenciou a criação da Organização das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os julgamentos de oficiais do Holocausto, a doação do território de Israel para Judeus e tantas outras coisas – tudo em nome da paz, que havia sido interrompida por Hitler e seus apoiadores.

Entretanto, todos os esforços de mitigação parecem cada vez mais inúteis, ou ao menos desatualizados. Isso porque, atualmente, relatos de atitudes nazistas vindas de grandes partes da população mundial tem tomado conta dos noticiários. E se há uma tendência universal de adoção de tal ideologia perversa, é óbvio que ela refletiria no esporte – e a quantidade de casos recentes chega a ser assustadora. Conheça alguns:
Nazismo em Alemanha x Israel
Durante a partida entre Alemanha e Israel em 26 de março de 2022, um torcedor alemão estendeu seu braço e realizou diversas vezes a saudação nazista. Após a ação, ele foi encaminhado para fora da Rhein-Neckar-Arena. Segundo o canal ‘Sport1’, o homem de 28 anos foi detido pela polícia e banido de todo e qualquer evento esportivo.
Como o gesto é proibido em território alemão, uma investigação foi aberta contra o torcedor. Além disso, a Federação Alemã de Futebol – a DFB – condenou a atitude em nota oficial.
Agora, é preciso falar sobre como a situação já seria horrível em qualquer contexto, mas o fato dela acontecer justamente em um amistoso entre tais nações merecer uma atenção especial. Isso porque o nazismo nasceu e cresceu na Alemanha e foi uma forma de governo que promoveu o genocídio judeu – população que historicamente se identifica com o território israelense.

Nazismo no Atlético de Madrid
Saudações são comuns entre nazistas, haja vista o confronto entre Manchester City e Atlético de Madrid, em 05 de abril de 2022, válido pela ida das quartas de final da Champions League. A torcida do time espanhol teve atitudes que agradariam a Hitler, como o famoso cumprimento. Além disso, no Etihad Stadium – casa do City -, alguns torcedores seguraram bandeiras com dizeres que faziam referência a tal ideologia.
Após o acontecimento, a UEFA – entidade reguladora do futebol europeu – definiu que, como punição, 5000 ingressos seriam bloqueados. Ou seja, no jogo de volta, o estádio colchonero Wanda Metropolitano teria uma parte interditada, o que diminuiria a quantidade de atleticanos torcendo por seu time. Outra medida imposta foi o uso de faixas que exibissem a frase “não ao racismo” pelos jogadores durante a partida.
Entretanto, a decisão da UEFA foi suspensa pelo Tribunal Arbitral do Esporte, depois de pedido do time madrilenho. Com isso, o Wanda Metropolitano teve sua capacidade máxima colocada à venda. Os torcedores que estavam presentes no estádio naquele 13 de abril vaiaram o hino da Champions League antes da bola rolar. 90 minutos depois, eles acompanharam a eliminação do Atlético de Madrid para o Manchester City após empate por 0x0.
Vale lembrar que referências ao nazismo, como as saudações, não são incomuns entre os colchoneros. Um dos principais grupos da torcida, a Frente Atlético, é abertamente adepta aos ideais da extrema-direita. Ao longo dos anos, tornou-se normal escutar notícias sobre princípios neonazistas entre eles, que já levaram a banimento do estádio em 2014 e prisão de membros em 2016, por exemplo.

Nazismo no automobilismo
Simultâneo ao desenrolar dos fatos envolvendo o Atlético de Madrid, outro caso de saudação do nazismo tomou os noticiários. O piloto de kart russo Artem Severiukhin fez o gesto no pódio, após vencer a etapa de Portimão do Campeonato Europeu. Aos 15 anos, o garoto ainda riu enquanto estendia seu braço da mesma forma que Hitler e seus funcionários faziam.
Depois disso, a Ward Racing, equipe pela qual Artem corria, rompeu o contrato com o jovem. Outra medida de repreensão foi a suspensão de sua licença para pilotar kart pela entidade reguladora dos esportes a motor na Itália, a ACI. A saber, o rapaz corria sob bandeira italiana, mesmo tendo nascido na Rússia.
Contudo, nenhuma decisão foi tomada ainda pela entidade máxima do automobilismo, a FIA. Segundo a própria, o caso de nazismo escancarado está sendo investigado. A notícia mais recente sobre isso é de que uma audição entre a FIA, Artem e a Ward Racing aconteceu em 20 de abril de 2022.

Nazismo no Cartola FC
O Cartola FC é um aplicativo que faz sucesso entre os fãs de futebol brasileiro há alguns anos. Lançado em 2004, o fantasy game tinha, em 2019, cerca de 8.6 milhões de times montados. E são nesses times que surgiu o problema com nazismo no app do Grupo Globo. Isso porque diversas equipes ganharam nomes que faziam apologia à ideologia – o mesmo problema foi conferido na nomenclatura dos usuários.
As denominações são escolhidas pelas pessoas que baixaram o Cartola, e a única censura é a impossibilidade de repetir a exata combinação de palavras que alguém já escolheu previamente. Portanto, é impossível mensurar quando os times começaram a fazer referência nazista, apenas quando o caso ganhou dimensão.
Em 09 de abril, o jornalista da Globo Marcos Luca Valentim denunciou, em seu perfil no Twitter, os crimes – a lei 7.716/1989 enquadra apologia ao nazismo como infração, assim como qualquer prática, indução ou incitação à discriminação e ao preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Desde então, a situação cresceu na mídia, a ponto do Cartola FC se pronunciar, afirmando que não tolerava tais atitudes.
Quatro dias depois, a Confederação Israelita do Brasil afirmou, via seu vice-presidente, que processaria os responsáveis, após identificação. Contudo, nenhuma medida mais incisiva foi tomada – ou ao menos noticiada – quanto à situação. Ainda é possível achar times e usuários com a palavra “Hitler” e outras com sentido similar no aplicativo.

Nazismo no Rio Grande do Sul
Em 13 de fevereiro de 2022, um caso gaúcho se tornou notícia o Brasil todo, devido a quão absurdo era. Um torcedor do Brasil de Pelotas, durante partida no estádio Beto Freitas, resolveu tirar sua camiseta, por conta do intenso calor. A atitude em si não teria nada demais, se não fosse a tatuagem que ela expôs – uma Cruz de Ferro (símbolo militar do nazismo) e os dizeres “Mein Kampf” (que nomeiam o livro escrito por Adolf Hitler, no qual ele detalha os princípios do que viria a ser um dos regimes mais perversos do mundo).
Quando os demais apoiadores do time da casa perceberam os desenhos, obrigaram o nazista a sair do jogo à força, conforme informou a assessoria do Brasil de Pelotas. Para conseguir sair com segurança, o homem recebeu escolta dos policiais presentes no estádio.
Em nota de repúdio ao ocorrido, o clube em questão exaltou a intolerância ao preconceito demonstrada pela torcida. A atitude mais incisiva vinda da equipe do RS foi a remoção do homem, após sua identificação, do quadro de sócios torcedores do Brasil de Pelotas, em 15 de fevereiro.

Nazismo no Amazonas
E não se engane achando que o gaúcho foi o único acontecimento recente envolvendo tatuagens nazistas em estádios, porque não foi. Um torcedor do São Raimundo-AM tirou sua camiseta, deixando a águia símbolo do partido nazista que tinha nas costas à mostra, em 18 de abril de 2022.
Após a partida, o clube postou em suas redes sociais um comunicado repudiando a atitude de seu apoiador. O time manauara ainda reforçou que o homem, cujo nome é André Lucas Freitas Souza, não representa a instituição – visto que ela “condena veementemente toda e qualquer manifestação favorável àquilo que foi uma das maiores máculas da história mundial”, como escrito na nota. Além disso e mais importante, o São Raimundo baniu o torcedor de adentrar as dependências do Estádio Ismael Benigno novamente e o denunciou à polícia.
Depois do depoimento à Polícia Civil do Amazonas, André e seu advogado divulgaram uma imagem mostrando a tatuagem simpática ao nazismo coberta por o que deve vir a ser outro tipo de águia. A defesa do homem também argumentou que ele havia feito a tatuagem, há 10 anos, sem saber o que o desenho significava, e que, quando descobriu, 4 anos atrás, não conseguiu remover, pois seus pais precisavam de ajuda financeira.

Gostou do texto? Leia mais conteúdos como esse em nosso site. E siga nossas redes sociais (@PortalQuentaro no Twitter e no Instagram) para não perder nenhuma matéria sobre esportes, saúde, entretenimento, cultura e muito mais.