San Paolo Calcio a 8: o mais novo capítulo da história entre o futebol italiano e o São Paulo FC

Equipe de futebol de oito da Itália se inspirou no Tricolor do Morumbi para seus novos uniformes e escudo. O relacionamento entre o São Paulo e a Europa não para por aí, entenda

​Em 18 de março, a bolha de são paulinos usuários do Twitter se agitou por um motivo além do futebol apresentado pelo São Paulo FC. Isso porque diversas páginas passaram a divulgar o uniforme do time italiano San Paolo Calcio a 8 (SPC8). Inspirada pelo Tricolor Paulista, a identidade visual do SPC8 agora adota as tradicionais cores vermelho, branco e preto, além de um escudo de cinco pontas, conforme anunciado dois dias antes pela equipe de futebol de oito (society).

​O San Paolo divulgou em suas redes sociais fotos das novas vestimentas de jogos, mostrando dois modelos – um é quase idêntico à camisa I do São Paulo, enquanto o outro seria uma espécie de versão preta com a ordem das listras diferentes. Os uniformes agradaram aos torcedores do time brasileiro, que quiseram saber onde era possível comprar a versão italiana e sugeriram ao próprio SPFC que usasse o uniforme preto como terceira camisa em 2022.

Quanto ao escudo, a grande distinção entre o do Brasil e o da Itália é a presença de uma cruz no centro. O símbolo faz referência à Basílica de San Paolo, que fica a 1,3km do centro esportivo em que o time de society joga, Stella Azzurra, em Roma. A saber, as fotos do fardamento foram tiradas em frente à catedral.

​Sabendo do grande engajamento que os mais de 20 milhões de são paulinos podem trazer, o SPC8 passou a divulgar seus posts no Instagram com hashtags que fazem referência ao SPFC, como “#ClubeDaFé”, “#VamosSãoPaulo” e “TricolorDoMorumbi”. O plano italiano tem funcionado, e é possível ver, desde o dia 16, as publicações do San Paolo lotadas de comentários de fanáticos pelo Soberano.

​Apesar da definição recente, a mudança de identidade vem ocorrendo desde setembro de 2021. No dia 6, a equipe europeia divulgou por mídias sociais uma prévia do que viria a ser o escudo da temporada 2021/2022. A foto mostra um brasão já com claras referências ao SPFC, como o formato e a fonte, porém, na escolha de cores, o azul ainda estava presente no contorno – um resquício do antigo logo, que era azul, vermelho, branco e verde.

​A semelhança entre os dois times, no entanto, não entrou em campo (ou em quadra) até o atual momento da temporada. Em 16 jogos, o SPC8 tem 10 vitórias, 4 empates e 2 derrotas – 70,8% de aproveitamento – e uma média de 3,18 gols por partida na liga amadora, na qual ocupa a 6° posição. Por outro lado, o SPFC jogou em 13 ocasiões no Campeonato Paulista, sendo dono da 3° melhor campanha, com 8 vitórias, 2 empates e 3 derrotas – 66,6% de aproveitamento – com cerca de 1,7 gols por partida.

A conexão São Paulo-Itália

A relação do time brasileiro com o país europeu é antiga, existindo desde os primórdios do São Paulo Futebol Clube. Fundado em 1920, há indícios que apontam a existência de dois jogadores nascidos na Itália – Bruno Pardini em 1925, e Edmondo Perozzi em 1928 – ao longo dos 92 anos de existência. Contudo, mais recentemente, atletas brasileiros naturalizados italianos já jogaram e jogam pelo clube – Rafael Tolói de 2012 a 2015 (com breve passagem pela AS Roma em 2014), e Éder, que compõe o elenco desde o começo de 2021.

Ao longo dos anos, houve vezes em que o SPFC viajou à Itália. Quando isso aconteceu, os resultados foram favoráveis à equipe. Foram sete jogos em solo italiano, com quatro vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Além disso, o SPFC chegou a ganhar títulos por lá – em 1951, levou a Copa Rosso-Bleu e, em 1964, o Torneio Cidade de Florença.

Quanto à excursão por Florença, merece destaque um acontecimento curioso. Durante o campeonato, houve uma enchente que impediu os uniformes do São Paulo de chegarem ao estádio onde jogaria. Dessa forma, o clube entrou em campo contra o Zenit, da Rússia, e ganhou o torneio sem suas tradicionais três cores, jogando com camisas emprestadas da AC Fiorentina – que havia perdido do SPFC na semifinal.  

Em relação aos embates contra equipes da Itália, o São Paulo também tem um bom retrospecto. Dentro de 14 jogos, foram seis vitórias, cinco empates e somente três derrotas. É nesse cenário, inclusive, que surge o segundo título mundial da Máquina Mortífera – como o time de Telê Santana ficou conhecido -, em triunfo por 3×2 contra o AC Milan em 1993.

Falando em Mundial de Clubes, com certeza grande parte da Itália comemorou a vitória do SPFC naquela final contra o Liverpool em 2005, pois esse era o mesmo Liverpool que havia conquistado o título da Champions League, de virada, sobre o Milan. Esse tricampeonato mundial foi notícia no mundo todo e pode ter impactado até o surgimento do San Paolo Calcio a 8. Coincidentemente ou não, 2005 também foi o ano da fundação da equipe de futebol Society que viria a se inspirar no visual do São Paulo.

Outro importante ponto de união entre são paulinos e italianos é Kaká, ídolo lá e cá. O meio-campista foi revelado pelo SPFC, tendo defendido as cores do time por dez anos ao todo. O destaque do jogador no Brasil foi tanto que o Milan o trouxe para compor elenco em 2003. Na Itália, Kaká alcançou o auge de sua carreira, sendo premiado com o título de melhor jogador do mundo em 2007 pela FIFA e pela France Football – o último brasileiro a ganhar tal honraria.

Finalmente, o capítulo mais recente da história ítalo-são paulina é a passagem do treinador Hernán Crespo em 2021. Isso porque Crespo – que foi um dos maiores centroavantes de todos os tempos, tendo feito história no futebol da Itália – popularizou frases em italiano entre a torcida, que não foram esquecidas devido ao seu carismático e vitorioso comando.

Vale citar outra ponte entre a América e a Europa estabelecida por Crespo: a volta do destaque tricolor na mídia italiana. Sua vinda já foi muito repercutida por lá, mas com a conquista do primeiro título do São Paulo em quase uma década, Hernán fez os olhos do mundo focarem em seu time. Talvez tenha sido isso que mobilizou a mudança do SPC8, já que a revelação do protótipo de escudo foi em setembro do ano passado – enquanto o ex-jogador ainda comandava o SPFC.

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