A Colorado desfila dia 22 de abril no sambódromo do Anhembi, recontando a história da escritora com referências ao filme “Cinderela”.
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Colorado do Brás entrará com o enredo “Carolina: A Cinderela Negra do Canindé”, uma escritora com obras internacionais descrevendo a vida na favela de Canindé, como, por exemplo, “Quarto de Despejo: Diário de uma ex-Favelada”. A representante do Brás será a segunda escola de samba a desfilar no Sambódromo do Anhembi na sexta-feira, dia 22 de abril, em seu terceiro ano no Grupo Especial.

A Colorado do Brás foi fundada em outubro de 1975 por diversos moradores do bairro e seu nome é legado de um time de futebol que os fundadores participavam. Na década de 80, a escola teve sua primeira ascensão, obtendo três acessos seguidos e chegando ao Grupo Especial. Já na década seguinte, teve sua última passagem na primeira divisão em 93. Seu retorno foi só em 2019 e, hoje, briga pela permanência.
A escola vermelha e branco narra a passagem de Carolina de Jesus, uma escritora que, mesmo não terminando todo seu ciclo escolar, adquiriu a paixão pela leitura e escrita. O intérprete Chitão Martins conta a história de uma mulher negra que, em 1937, emigrou para São Paulo, após a morte de sua mãe e, em 1947, foi morar na favela do Canindé, onde trabalhou como catadora de lixo; no seu tempo livre, registrou, em seu diário, a vida cotidiana da comunidade em que morava; o diário foi a origem que levou a publicar “Quarto de Despejo: Diário de uma ex-Favelada”.
O carnavalesco da Colorado do Brás, André Machado, comentou como a escola vai entregar o enredo: “A gente resolveu falar de Carolina de forma lúdica, fazendo uma analogia à história da Cinderela, uma mulher que batalhou a vida inteira para ser reconhecida como escritora. Na história da Disney, a Cinderela batalhou e um dia apareceu uma fada madrinha para levar ela ao grande baile; no caso de Carolina, uma mulher que sofreu a vida inteira para sustentar seus filhos, em um dia apareceu sua fada madrinha, que era o jornalista Audálio Dantas, e publicou seu livro ‘Quarto de Despejo’. Na nossa história, o livro se transforma em uma carruagem que leva Carolina ao baile onde ela entra para a elite literária da época.” Na história da Cinderela, no dia seguinte, toda magia vai embora e ela volta a sua vida normal; no caso da escritora, ela perde todo o dinheiro e passa a viver na pobreza. Seu sapatinho de cristal será o que a Colorado do Brás levará para a avenida, seu reconhecimento e honra por ser uma grande escritora.
André Machado explica que essa foi a melhor maneira de dedicar a vida de Carolina no momento que Brasil está passando: “É uma história muito triste, e a gente preocupado em deixar o desfile para baixo por conta do que a população está vivendo hoje, pessoas entrando em caçamba de lixo para pegar pedaço de osso para ter o que comer. Não seria legal as pessoas estarem no desfile da Colorado do Brás, mandando beijo para a arquibancada, cantando em cima da miséria alheia. Resolvemos cantar de uma forma lúdica, mas não deixando de passar a mensagem.”
O bairro do Canindé foi essencial para escolha do tema, visto que a comunidade da escola de samba é da área do bairro. “Li o livro ‘Quarto de Despejo’ e gostei muito da história, me identifiquei, já fui morador de favela. Levei a ideia para escola e eles gostaram também da ideia por Carolina Maria de Jesus ter morado no Canindé, área da comunidade da Colorado do Brás, as coisas se encaixaram e a gente resolveu levar esse tema para avenida.”, comentou o carnavalesco.
Esse será o terceiro ano consecutivo da Colorado do Brás no Grupo Especial neste século, após 25 anos nos grupos de acesso. Em 2020, a Colorado amargou a décima segunda colocação, uma posição acima do rebaixamento para o Grupo de Acesso I. André Machado tem a missão de transferir a emoção da história de Carolina para o desfile, em busca de alcançar o Desfile das Campeãs. “As expectativas são as melhores… A gente aposta chegar entre as cinco com louvor, muita garra, a escola tá cantando bastante nos ensaios, a comunidade está muito satisfeita com o enredo, com o samba que foi escolhido pela comunidade. As expectativas são as melhores para fazer um grande espetáculo.”, finalizou André.
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Que matéria linda!!! Que escrita perfeita, parabéns Gui!❤️
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Parabéns pela matéria,muito bem escrita e fundamentada.
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