A NBA é uma liga tradicionalmente composta por homens, mas esta é a incrível história da única jogadora a ser oficialmente escolhida para jogar na liga, e consequentemente fazer história no basquete feminino.
Era fevereiro de 1955, Ethel e Willie Harris estavam no aguardo do nascimento de mais um de seus onze filhos. Vivendo no interior do Mississipi, mal esperavam os dois simples agricultores de que dariam à luz a mulher que futuramente seria conhecida como “Rainha do Basquete”, e seria também a primeira mulher a ser oficialmente escolhida para jogar na NBA.
No dia 10 de fevereiro de 1955, nascia Lusia “Lucy” Harris. Originária e criada em Minter City, Mississipi, Lusia sempre foi extremamente apaixonada e dedicada pelo basquete. Devido ao seus 1,90m, considerados acima da média para o basquete feminino daquela época, Harris foi designada para a posição de pivô, e jogou nesta posição sua carreira inteira.
Com o sonho de jogar pela Universidade Estadual de Alcorn, Lucy teria uma excelente carreira no ensino médio visando alcançar seu maior objetivo. Porém, a vida real não a permitiu sonhar já que esta universidade não tinha um time de basquete feminino. Tendo que virar seus planos completamente, ela resolveu jogar pela Delta State University, e esta foi consequentemente a melhor decisão de sua carreira.

Em seus quatro anos jogando por Delta State, Lusia se tornou a maior jogadora da história da universidade. Em sua passagem, ela trouxe três campeonatos nacionais consecutivos e inéditos para o programa de basquete feminino da universidade, saiu da equipe com um retrospecto de 109 vitórias e apenas 6 derrotas, fez com que a equipe da universidade fosse a única invicta dentre times masculinos e femininos no ano de 1976, e ainda por cima quebrou quinze recordes de dezoito possíveis na modalidade.
Ela foi uma das primeiras mulheres a jogar com uma equipe feminina no lendário Madison Square Garden, além de sair da universidade com inacreditáveis 1.060 pontos no total em sua última temporada.
Toda a sua habilidade em quadra trouxe diversos holofotes e consequentemente, o seu devido reconhecimento. Lusia foi chamada para jogar a Copa do Mundo FIBA, na Colômbia, e os Jogos Panamericanos na Cidade do México. Lucy ficou em oitavo lugar no torneio sediado na Colômbia e liderou a equipe americana até a medalha de ouro nos jogos Panamericanos.
No entanto, após liderar a seleção americana a um troféu internacional, Harris estava prestes a fazer história mais uma vez. Com a modalidade do basquete feminino estreando nas Olímpiadas de 1976 em Montreal, Lusia Harris foi a primeira jogadora da história a pontuar nesta modalidade, além de ser uma das primeiras jogadoras a receber uma medalha de prata na categoria feminina no esporte.

Sendo destaque da forte seleção feminina e um fenômeno nacional após sua campanha histórica por Delta State, Lusia começava a atrair os holofotes da maior associação de basquete do mundo: a NBA.
Sabendo de todo seu potencial e capacidade, Lucy se inscreveu para o Draft de 1977 da NBA. Com um formato completamente diferente da maneira que é feita hoje em dia, o Draft passava de mais de 8 rodadas de escolhas com um número absurdo de jogadores sendo inscritos.
Então, na 7° rodada do Draft, o New Orleans Jazz (hoje conhecido como Utah Jazz) escolheu a medalhista olímpica Lusia Harris para a sua equipe. Com este feito ela estava fazendo história, sendo a primeira mulher a ser oficialmente escolhida por uma equipe para jogar na NBA.

Importante ressaltar o oficial em meio a isto, pois Denise Long foi escolhida na 13° rodada Draft de 1969 pelo San Francisco Warriors, porém a NBA vetou a escolha e, consequentemente, impedindo que a história fosse feita.
Mesmo sendo escolhida pelo Jazz, Lusia negou a proposta feita pela franquia da NBA, ela tinha um sonho muito maior pela frente: ser mãe. Estando grávida, Lucy obviamente não poderia jogar pela franquia e nunca pode concluir o que poderia ser um dos maiores feitos da história do esporte.

Anos depois, Harris ainda teve a chance de jogar basquete profissionalmente no ano de 1979. O Houston Angels, franquia da Women’s Professional Basketball League, contratou a pivô para contar com seus serviços na temporada 1979-1980.
Não seguindo carreira profissionalmente, Lucy seguiu no basquete atuando na área técnica. Ela treinou o time de Texas Southern University e posteriormente retornou ao seu lugar de origem e treinou a equipe de Delta State até sua aposentadoria, importante mencionar que ela também lecionou na universidade.
Lusia foi introduzida no Hall da Fama do Basquete em 1992, se tornando também a primeira mulher negra a entrar no panteão dos eternos do esporte. Em 1999, ela também se tornou participante do Hall da Fama do Basquete Feminino, sendo participante da primeira classe introduzida.
Em 2021, foi anunciado que o ex-jogador e astro do Los Angeles Lakers, Shaquille O’Neal, estava lançando um documentário sobre a história da lendária jogadora. O longa-metragem é dirigido pelo premiado diretor Ben Proudfoot e leva o nome de “The Queen of Basketball”, que traduzido indica o apelido da histórica jogadora: a Rainha do Basquete.

Infelizmente, Lusia faleceu por causas naturais no dia 19 de janeiro de 2022, deixando para trás não só um enorme legado no basquete feminino, mas também um grande marco na história do basquete no geral e também para a NBA, sendo assim, uma dos muitos imortais que já passaram por esse jogo.
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