Vitórias recentes do Barcelona comandado por Xavi Hernández empolgam a torcida e passam a sensação de que o time catalão voltará a ter seus dias de glória.
Depois de uma dura derrota contra o Bayern de Munique no dia 14 de setembro de 2021, primeira rodada da fase de grupos da atual edição da Champions League, Ronald Koeman, o então técnico do Barcelona, soltou a seguinte frase na coletiva pós-jogo: “É muito difícil de aceitar [essa situação], mas é isso que é, é isso que temos”.
O holandês estava balançando no cargo pois, além de vir de resultados ruins, dava declarações polêmicas e, em campo, seu time não vinha mostrando um bom futebol. A demissão ainda demoraria cerca de dois meses para acontecer devido à multa (12 milhões de euros) que o Barcelona teria de pagar para que ele fosse demitido, o que é uma quantia considerável para um clube que ainda está se recuperando financeiramente. No entanto, a decisão de demitir Koeman finalmente veio no dia 27 de outubro do mesmo ano, após uma derrota para o Rayo Vallecano em La Liga.
Os treinadores do Barcelona pós Luis Enrique
Contudo, a má escolha de treinadores do clube catalão não vem de hoje. Ernesto Valverde, Quique Setién, Ronald Koeman… após a saída de Luis Enrique, atual técnico da seleção espanhola, o Barcelona encontrou dificuldades para achar um novo treinador que honrasse as raízes deixadas por Johan Cruyff. Ernesto Valverde ganhou alguns títulos nacionais e muitos podem considerar que ele teve sim êxito no time catalão, mas as viradas de Roma (temporada 17/18) e Liverpool (temporada 18/19) na Champions League vieram durante seu comando, deixando o clube com fama de “pipoqueiro” na Europa. Quique Setién assumiu após Valverde com boa expectativa da torcida, visto que seu estilo de jogo no Real Betis remetia um pouco ao famoso “tiki-taka” que o Barcelona estava procurando. Porém, o espanhol ficou marcado pela histórica derrota de 8×2 para o Bayern de Munique, também na Champions, além de seu estilo de jogo não ter convencido os jogadores.
Já Koeman ainda conseguiu fazer com que seu time levantasse uma Copa do Rei na temporada passada, mas não foi capaz de manter os resultados e, assim, Sergi Barjuan, treinador do Barça B, assumiu o cargo como interino enquanto o presidente Joan Laporta procurava por um técnico capaz de assumir um Barcelona que parecia sem rumo após performances ruins e, além disso, estava sem o seu maior craque: Lionel Messi.
Muitos treinadores foram especulados no time da Catalunha, mas apenas um nome parecia certo, tanto para a diretoria quanto para a torcida: Xavi Hernández, meio-campista que fez história no Barcelona. Vale lembrar que antes do acerto com Koeman, o clube foi atrás do espanhol – que estava treinando o Al-Sadd, do Catar -, mas ele teria dito não ao Barça, pois acreditava que aquele não era o momento certo para isso.
Após a demissão de Koeman, portanto, o clube fez novas consultas e reabriu as negociações com Xavi. O técnico espanhol comunicou ao Al-Sadd que desejava treinar o time catalão, que estava (e ainda está) passando por um momento conturbado e, no dia 5 de novembro de 2021, o clube do Catar anunciou a rescisão com o treinador. No mesmo dia, logo depois da confirmação da rescisão de contrato, Xavi foi anunciado pelo Barcelona.
Assim que chegou, o treinador espanhol já mandou um recado para os torcedores:
“Olá, culés. Já estou em Barcelona, voltei para casa. Estou muito contente e com confiança. Um abraço muito forte. Visca, Barça!”.

O trabalho de Xavi no Barcelona até aqui
Hoje, 5 de março de 2022, Xavi completa 5 meses treinando seu clube de coração. Mas o que podemos dizer do trabalho do técnico espanhol até agora?
Quando Xavi chegou, muitos torcedores tinham medo de que ele se queimasse com parte da torcida, que foi o que aconteceu com o holandês Koeman – ídolo do clube que foi perdendo esse “status” conforme os resultados ruins surgiam.
O início não foi fácil e o time contava com muitos jogadores lesionados – entre eles Ansu Fati, o novo camisa 10 do Barcelona de apenas 19 anos de idade. Um tempo depois, mesmo com pouca verba para investir no mercado de transferências, o clube catalão conseguiu trazer peças importantes para que o espanhol pudesse ter um plantel extenso e qualificado para o restante da temporada, já que muitos jogadores acabavam sofrendo lesões e não tinham substitutos diretos. Nisso, o Barcelona trouxe de volta o brasileiro Daniel Alves, o atacante gabonês Pierre-Emerick Aubameyang (ambos de graça), além de Adama Traoré por empréstimo e Ferran Torres em definitivo, por 45 milhões de euros + 10 milhões em variáveis.
O presidente Joan Laporta trouxe Xavi para fazer uma reestruturação a longo prazo, visto que o clube catalão ainda está se recuperando, não só dos problemas financeiros que surgiram ao longo da gestão Bartomeu, mas também da triste saída de Lionel Messi. Sendo assim, o espanhol teria tempo para trabalhar, mesmo que os resultados não fossem dos melhores.
A reestruturação a longo prazo, no entanto, veio mais cedo do que todos imaginavam: em muitos jogos, embora os resultados não fossem favoráveis, era possível ver o time com um padrão de jogo que antes não se via; uma pressão pós-perda bem feita começou a surtir efeito, enquanto muitos jogadores voltaram a reencontrar seu bom futebol, como Frenkie De Jong e Sergiño Dest, por exemplo.
Como jogador, Xavi era espetacular. Como treinador, ele segue nesse mesmo caminho – continua enxergando o jogo como ninguém e nem parece ter tão pouca experiência; na verdade, parece treinar o Barcelona há muitos anos. Conseguiu fazer com que os jogadores recém-chegados se entrosassem rapidamente com o restante do time, fez com o que o clima pesado que Koeman havia trazido para o vestiário fosse substituído por um clima de alegria, além do principal ponto: deu uma cara nova ao time e fez o Barça voltar a jogar aquele futebol que, um dia, encantou o mundo.
Xavi trouxe ideias que tornaram o Barcelona um time muito forte coletivamente. Cada jogador sabe o que fazer com e sem a bola. Claro que o time ainda conta com pontos a serem melhorados, como alguns erros individuais que geralmente causam perigo ao gol de Ter Stegen, mas com o tempo a tendência é melhorar ainda mais. E se os culés têm um coletivo forte, não posso deixar de citar que também possuem muitos talentos individuais: os jovens Pedri, Gavi, Araújo e Nico dão um show à parte em campo.
Com um estilo de jogo implementado e ideias claras que os jogadores devem exercer, o Barcelona teve seis provas de fogo no mês de fevereiro para testar como o time se sairia em jogos com altos níveis de pressão. Contra Atlético de Madrid, Espanyol, Napoli (Europa League, ida e volta), Valencia e Athletic Bilbao, foram um total de 6 jogos com 19 gols marcados, 8 gols sofridos; 4 vitórias com goleadas e 2 empates, sem nenhuma derrota.
Dessa maneira, o trabalho de Xavi no Barcelona até aqui é ótimo. Não só por consolidar um estilo de jogo, mas também por retomar ideais cruyffistas que pareciam ter desaparecido, dar uma injeção de ânimo nos jogadores e organizar um time que parecia perdido em campo, mesmo com tantos talentos individuais.
Expectativas para o Barcelona de Xavi
Todo torcedor tem expectativas. É completamente normal e é uma das coisas que nos fazem amar o mundo do futebol. Mas é preciso tomar cuidado para que essas expectativas não sejam totalmente surreais.
A maior expectativa que o clube tem no momento é a conquista da Europa League, competição em que o Barcelona se encontra pois terminou em 3º lugar em seu grupo da Champions. A demora em demitir Koeman fez com que o time tivesse seu pior início em La Liga desde a temporada 2002/03 e a equipe, portanto, dificilmente briga pelo título de campeã nacional. Os culés também foram eliminados da Copa do Rei em um jogaço contra o Athletic Bilbao, que teve direito à prorrogação e terminou com um placar de 3×2 para o time basco.
No entanto, outra disputa também está aberta para o Barcelona: com um início ruim na liga espanhola, o time ficou longe da zona de classificação para a Champions. Xavi fará de tudo para que o Barcelona termine no G-4 do campeonato espanhol e esteja na Champions da temporada que vem. O técnico, inclusive, tem trabalhado para isso: quando Koeman deixou o clube, o Barcelona se encontrava em 9º na tabela. Após Xavi assumir o time, atualmente o Barça se encontra em 4º lugar, com apenas um ponto de diferença para o 3º colocado. O próximo desafio do clube catalão é neste domingo (6), às 12h15, contra o Elche.
O Barcelona atual tem um potencial de crescimento muito grande, especialmente se considerarmos que, com a reestruturação que o presidente Joan Laporta vem fazendo, o clube terá mais verba para investir em novas contratações para renovação e composição de um elenco que pode vir a ser histórico nas mãos de Xavi Hernández.
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Tomara que o barça se recupere logo agora o L9, ótimo texto continuem assim
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