Diversas modalidades e instituições mundiais não estão medindo esforços para banir a Rússia de suas competições após invasão da Ucrânia. Veja mais.  

A ofensiva das tropas russas sobre a Ucrânia, que colocam em xeque a soberania do país, está gerando respostas de praticamente todas as esferas da sociedade, e com o esporte não poderia ser diferente. Diante da situação, os órgãos esportivos reguladores mais importantes do mundo estão procurando ou já praticando meios de afastar a Rússia das modalidades, em repúdio.

Algumas das punições são válidas também para a Bielorrússia. A nação fazia parte da antiga União Soviética e não se livrou totalmente dos laços históricos, sendo fundamental na invasão – os soldados russos adentraram a Ucrânia e treinaram por muito tempo no país vizinho. A Bielorrússia ainda foi o ponto de partida de um míssil de cruzeiro interceptado pela Força Aérea Ucraniana.

Tanque de guerra russo destruído por ucranianos. (Imagem: Reprodução/Ministry of Foreign Affairs of Ukraine)

Mandachuvas x Rússia

Um dos principais reguladores do esporte mundial, o Comitê Olímpico Internacional (COI) liberou uma série de recomendações às organizações desportivas contra a Rússia e a Bielorrússia. A primeira delas é a não participação de atletas em eventos. Em caso de descumprimento, é sugerida a proibição de símbolos nacionais, e o impedimento de campeonatos em tais países. Além disso, o COI retirou as Ordens Olímpica concedidas a todos as pessoas da Federação Russa que possuem relação com o atual governo.

Em concordância com o COI, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) tirou a Rússia – ou melhor, o Comitê Paralímpico Russo – e Bielorrússia de Pequim 2022. Os atletas dessas duas nações competirão como neutros, sob a bandeira da Paralimpíada, e não serão contabilizados no quadro de medalha, em decisão tomada dois dias antes da abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno. Andrew Parsons, presidente do IPC, alegou que os russos e bielorrussos podem disputar, uma vez que a constituição da entidade não diz nada sobre banimento efetivo.

A entidade controladora da modalidade mais famosa do planeta, a Federação Internacional de Futebol (FIFA), não ficou para trás: suspendeu a Rússia de todos os campeonatos. A decisão foi feita em conjunto com a União das Federações Europeias de Futebol (UEFA) e se estende às competições chefiadas pela UEFA, como a Liga dos Campeões. A decisão é válida para todas as categorias de todos os times, sejam eles nacionais ou clubes.

Comunicado do Comitê Paralímpico Internacional na íntegra, em inglês. (Imagem: IPC)

A repreensão de outras entidades à Rússia

A Federação Mundial de Curling (WFC) anunciou mudanças emergenciais em seu estatuto. Agora, a WFC pode remover um time ou atleta de competições. Isso deve acontecer baseado na opinião do Conselho de que a presença dos competidores é um risco ao evento e aos demais envolvidos. A nota divulgada ainda condenava a ação da Rússia e indicava que retirarão a Federação Russa de Curling de futuros campeonatos mundiais.

Quanto à principal categoria de automobilismo, a Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) comunicou que “é impossível manter o Grande Prêmio da Rússia nas atuais situações”, rompendo o contrato com o GP. Além disso, a FIA estabeleceu que atletas russos poderão competir, desde que seja sob bandeira neutra – o que já acontecia, devido ao escândalo de doping russo de 2015. Vale citar a decisão tomada pela Motorsport UK de impedir que pilotos russos corram em solo britânico, o que pode deixar Nikita Mazepin de fora do GP da Inglaterra. A situação da F1 é complexa, pois envolve patrocínios e piloto-pagante, saiba mais aqui

Por sua vez, a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) definiu que seus eventos futuros cujas sedes eram na Rússia serão transferidos para outro país, sendo eles o Mundial masculino e a Liga das Nações. A FIVB ainda impediu times nacionais, clubes, atletas e árbitros russos e bielorrussos de participarem de qualquer competição internacional ou continental.

Em relação ao lado dos esportes de combate, a World Taekwondo lançou um pronunciamento no qual retirava a faixa preta honorária que havia concedido ao presidente russo, Vladimir Putin, em 2013. Também foi decidido que nenhum campeonato de taekwondo acontecerá na Rússia ou em Bielorrússia. Os atletas desses dois países que competirem não poderão utilizar suas bandeiras ou hinos nacionais durante os eventos.

A Federação Internacional de Judô (IJF) procedeu de maneira similar às demais instituições ao cancelar o Grande Slam de Kazan (Rússia). Contudo, foi além ao destituir seu Presidente Honorário e Embaixador, Putin. O líder russo é, ou pelo menos era, amigo íntimo do presidente efetivo da IJF, Marius L. Vizer.

Os eventos de piscina também tiveram seus torneios em solo russo cancelados. Além disso, profissionais da Rússia e da Bielorrússia agora só podem competir como atletas/times neutros. A Federação Internacional de Natação e demais Esportes Aquáticos (FINA), por fim, revogou a Medalha de Ordem concedida à Vladimir Putin anteriormente.

O atletismo foi outro que seguiu à risca as recomendações do COI. A World Athletics excluiu todos os esportistas, comissões técnicas e árbitros russos e bielorrussos das futuras competições. O Conselho da organização irá definir na próxima semana se a delegação da Bielorrússia será suspensa – a da Rússia já está desde 2015 -, o que a impedirá de abrigar campeonatos mundiais e de enviar equipes nacionais.

De modo semelhante, a Federação Europeia de Handebol proibiu por tempo indeterminado a participação de times nacionais, clubes e juízes da Rússia e da Bielorrússia em seus eventos daqui em diante. Ademais, os torneios de handebol de praia que aconteceriam em Moscou foram realocados. Um fato curioso desse esporte é a Federação Internacional de Handebol não ter tomado um posicionamento oficial até o momento.

No basquete, a Euroliga mobilizou até seu patrocínio com russos, anunciando em nota que “congelou sua parceria de marketing com o VTB Bank até novo aviso”. Além disso, os clubes da Federação Russa foram vetados de suas futuras partidas e podem ter seus jogos prévios anulados, a fim de organizar as pontuações. Com isso, obviamente, as disputas que ocorreriam no maior território nacional do mundo também estão suspensas.

Eventos da ginástica, esqui, escalada, tênis e luge que aconteceriam na Rússia e na Bielorrússia foram cancelados. A Federação Internacional de Tênis e a Federação Internacional de Hóquei no Gelo também afastaram a Rússia e Bielorrússia de suas organizações, além de proibir partidas com equipes nacionais desses países. Em resumo, as recomendações do COI estão sendo seguidas por basicamente todos os esportes do mundo.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, possui grande afinidade com o judô, esporte do qual foi afastado pela IJF. (Imagem: Mikhael Klimentyev/Reuters)

A situação da Esgrima

Talvez o caso mais emblemático seja o da esgrima. A Copa do Mundo de Espada feminina de Sochi foi suspensa no dia 26, enquanto acontecia, devido à ausência de atletas. As esgrimistas saíram do território russo simultaneamente à invasão da Ucrânia.

A Federação Internacional de Esgrima (FIE), entretanto, se manteve calada, mesmo com protestos de atletas ucranianos, que se recusaram a enfrentarem russos. Somente em 01 de março – quando uma declaração de Alisher Usmanov foi divulgada, informando o fim de seus exercícios como presidente – que a entidade tomou posicionamento.

Além de ex-chefe da FIE, Usmanov é um bilionário russo que se tornou “alvo de medidas restritivas impostas pela União Europeia”, conforme escrito por ele na carta de resignação. Alisher ainda alegou que as sanções impostas são injustas e têm motivação falsas e difamatórias, manchando sua honra, dignidade e reputação comercial.

Alisher Usmanov era presidente da FEI e já foi condecorado por Putin. (Imagem: Mikhail Svetlov/Getty Images)

Ainda no dia 01, o Comitê Executivo anunciou que implementou as recomendações do COI em suas competições com efeito imediato. A nota também afirmou que mais decisões seriam publicadas em breve. Espera-se uma resolução quanto ao torneio interrompido e seus desdobramentos na nova leva de documentos.

Gostou do que leu? Veja mais textos em nosso site e nos siga em nossas redes sociais (@portalquentaro no Twitter e Instagram) para não perder nenhum conteúdo novo!