A cultura do cancelamento está em alta nas últimas edições do programa. Entenda a relação entre o Big Brother e os ataques virtuais aos participantes.

Charge de Enrico Rea

Desde 2020 as edições do BBB vêm adotando um novo formato, “a casa mais vigiada do Brasil” passou a ser dividida em dois grupos de participantes: os “Pipocas”, que são as pessoas que se inscreveram para participar do programa, e os “Camarotes”, figuras públicas que foram convidadas pela equipe do Big Brother para participar da edição.

Juntamente à participação desses famosos, houve um aumento significativo dos ataques em massa nas redes sociais, já que eles costumam ter suas vidas mais expostas, dando uma falsa impressão de que qualquer um pode opinar sobre suas atitudes e escolhas.

No entanto, o “cancelamento” (termo dado ao ataque em massa à uma pessoa por alguma atitude ou erro cometido) ultrapassou a margem das pessoas públicas, atingiu também aos “pipocas” e tornou-se algo traumático para muitos. Assistindo ao BBB desse ano, pode-se notar uma excessiva preocupação dos participantes em não cometer nenhum erro ou fala que possa ser distorcida, pois já sabem da avalanche de ameaças e críticas que irão encontrar do lado de cá.

É valido relembrar que o BBB é uma experiência social, na qual muitas pessoas estão confinadas em uma casa, sem alimentos e camas suficientes, com ambientes e experiências propícios para cometer erros, iniciar brigas e “perder a cabeça”. Porém, o programa se tornou muito mais difícil para os brothers, uma vez que o maior medo deixou de ser a eliminação e passou a ser o cancelamento, o maior prêmio deixou de ser o dinheiro e passou a ser a aprovação do público.

Os telespectadores confundem o experimento com a vida real e quando o participante não alcança as expectativas criadas, o linchamento inicia. Desde “unfollows” até ameaças de morte, os ataques àquelas pessoas saem do controle, sendo em muitos casos necessário o envolvimento jurídico para resolver o problema.

Em 2020, ataques severos foram direcionados à influencer Bianca Andrade devido ao seu posicionamento contrário ao movimento das mulheres dentro casa e, em 2021, foi a vez da cantora Karol Conká, que foi grosseira e desrespeitosa com os outros jogadores. Mesmo que as participantes em questão tenham cometido erros, não são justificáveis as críticas feitas às mesmas, críticas que envolviam suas famílias, como ataques feitos ao filho da cantora Karol, que desabafou nas redes: “Eu não tenho nada a ver com o que acontece dentro ou fora daquela casa”.

Reprodução: Globo

Todo ser humano erra, e é necessário enxergar que o jogo do BBB é um cenário muito diferente do da vida real. Devemos sim torcer e vibrar, opinar sobre e debater as questões sociais que surgem no programa. Mas, podemos levar as questões do jogo para a vida real e tratar os participantes como seres impossibilitados de errar?

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