Todo ano, no mês de maio, ocorre o Draft da NFL, evento no qual os 32 times da liga selecionam jogadores das universidades de todo o país para integrar seu elenco, renovando-o. São sete rodadas. Os times com o pior desempenho na temporada anterior selecionam primeiro e o campeão, naturalmente, por último, dessa forma balanceando a competição e dificultando os fortes de ficarem mais fortes – via Draft, pelo menos. Os melhores jogadores costumam ser bastante citados e discutidos meses ou até anos antes de efetivamente entrarem para a NFL, mas isso não significa que eles realmente conseguirão se solidificar como profissionais. O mesmo vale para o oposto: não é porque um jogador tem pouco ou nenhum hype que ele fracassará. Mas, tal como Kevin McCallister no filme que empresta seu nome ao título desta matéria, quais destes “esquecidos” darão mais trabalho aos seus oponentes? Selecionamos cinco dos mais prováveis: veja abaixo.

1. DYAMI BROWN – WIDE RECEIVER (WR) – WASHINGTON FOOTBALL TEAM

Dyami Brown em treino do Washington Football Team. Reprodução: NBC Sports

O trabalho de Brown em campo é receber passes, e ele é muito bom nisso, principalmente quando um defensor está fungando em seu cangote. Geralmente, quando um recebedor está bem-marcado, o quarterback (QB) o evita, pois será mais difícil do passe ser completo, mas, quando se trata de Brown, não importa muito. Durante seus três anos de carreira na Universidade de North Carolina (UNC), ele não dropou – isto é, deixou a bola cair no chão – nenhum dos quarenta e seis passes que vieram em sua direção enquanto seu defensor o contestava de perto; o que não é normal. Em passes profundos, Brown é mortal. Rápido, explosivo, e com um bom controle de seu corpo, tem a capacidade de surpreender seus defensores, desmarcando-se. Dito isso, como nenhum jogador é perfeito, Brown não é igualmente excelente em passes curtos: teve alguns drops em recepções supostamente fáceis durante seu tempo na UNC e não se desmarca com tanta facilidade em curtas distâncias. Foi utilizado majoritariamente em passes em profundidade na universidade, ou seja, não é um jogador com um repertório de rotas muito extenso, por isso caiu para a terceira rodada do Draft.

Em um ataque que permite passes em profundidade, no entanto, como o de Washington, Brown estará em sua zona de conforto. Com todas as suas qualidades, caiu em um ambiente de pouca competição pela titularidade, devendo assim, ganhá-la. Uma tempestade perfeita. Espere ouvir o nome de Dyami Brown com certa frequência nesta temporada; seu impacto deve ser imediato.

2. CREED HUMPHREY – CENTER (C) – KANSAS CITY CHIEFS

Creed Humphrey (à frente) e Patrick Mahomes (atrás) em treino do Kansas City Chiefs. Reprodução: The Athletic

Selecionado na 63ª escolha geral do Draft, Creed Humphrey terá a honra de proteger o melhor quarterback da NFL e o novo rosto da liga pela próxima década: Patrick Mahomes. Agora integrante do elenco do Kansas City Chiefs – um dos melhores da liga – Humphrey está na situação ideal para desenvolver-se enquanto profissional. Sua queda no Draft provavelmente deve-se a sua idade avançada para um calouro: 24 anos em comparação à média de 21-22. Na NFL, idade não é só um número – a não ser quando tratamos de Tom Brady – mas Humphrey ter caído tanto é quase inexplicável. Além de ser excelente bloqueador, é inteligente e experiente: em três anos de universidade, foi titular em 37 jogos, sendo 36 consecutivos, não jogou apenas um; número bastante expressivo. Acima de tudo isso, praticou luta livre por muitos anos, tendo assim um grande entendimento sobre como controlar seu corpo e neutralizar o adversário controlando o dele. A não ser que algo dê muito errado, ouviremos o nome de Creed Humphrey por muito tempo, inclusive em sua primeira temporada, afinal, já está treinando com os titulares de sua equipe.

3. ASANTE SAMUEL JR – CORNERBACK (CB) – LOS ANGELES CHARGERS

Asante Samuel Jr. em treino do Los Angeles Chargers. Reprodução: The Athletic

Defensor, Samuel Jr tem o dever de impedir com que os passes adversários sejam completos, ou seja, sua função é uma das mais importantes na defesa. Dito isso, o talento na posição de cornerback não é abundante na NFL e, como Samuel Jr o tem de sobra, deve ganhar a titularidade de forma imediata na equipe do Los Angeles Chargers. Selecionado na 47ª escolha geral do Draft (segunda rodada), é o integrante desta matéria que mais cedo foi draftado, mas, por sua habilidade e potencial impacto em campo, ele poderia – deveria até, talvez – ter saído na primeira rodada. Rápido, atlético e inteligente, Samuel Jr pode se posicionar em qualquer lugar do campo, tendo recebedores muito grandes como sua única fraqueza. O cornerback tem tudo para suprir uma grande carência posicional de seu time e tornar-se um titular perene na NFL.

4. MICHAEL CARTER – RUNNING BACK (RB) – NEW YORK JETS

Michael Carter em treino do New York Jets. Reprodução: The Playoffs

Como running back, Carter tem o trabalho de correr com a bola nas mãos, mas também pode receber passes – geralmente mais curtos e, em relação aos recebedores, mais raros. Foi selecionado pelo New York Jets na quarta rodada do Draft e, por carência na posição, deve ganhar a titularidade imediatamente. Inteligente, paciente e ágil, Carter sempre busca a melhor oportunidade de avançar com a bola ao invés de abaixar a cabeça e tentar vencer um defensor na força, o que para ele é um problema por causa de seu tamanho – principal razão de sua queda no Draft. Carter também recebe bem passes, característica muito importante para um running back que atua com um quarterback calouro – que é seu caso. Jovens QBs costumam não saber o que fazer com a bola quando pressionados pela defesa e um RB que também recebe configura-se como uma excelente válvula de escape. Com essa união entre oportunidade e talento, Michael Carter deve ir a campo com frequência nessa temporada.

5. AMON-RA ST. BROWN – WIDE RECEIVER (WR) – DETROIT LIONS

Amon-Ra St. Brown em jogo treino pelo Detroit Lions. Reprodução: Michigan Live

St. Brown é aquele jogador cujo jogo não é necessariamente bonito de se ver, mas é eficiente. Não é nem muito rápido, nem muito atlético – tem um estilo mais físico. A falta de explosão faz com que seja difícil para ele separar-se de seu defensor, o que não é muito bom, mas isso não impede com que St. Brown consiga receber passes, foi apenas o que lhe fez cair no Draft. Tem um ótimo controle corporal, o que, aliado ao seu tamanho e bom tempo de bola, permite com que seu alcance seja enorme, isto é, consegue recepcionar passes mesmo que a bola esteja consideravelmente distante de seu corpo. Em um time melhor, St. Brown provavelmente não ganharia a titularidade de forma imediata, tendo de lapidar seu jogo e adaptá-lo à NFL, mas, por ter sido selecionado pelo Detroit Lions, deve jogar bastante em seu primeiro ano. Carente na posição de WR, a equipe necessita de seus talentos para agora. Bom bloqueador, St. Brown pode, também, contribuir para o jogo corrido, além de – tal como Dyami Brown – ser muito bom em receber passes contestados pela defesa, ou seja, é bastante útil. Espere vê-lo em campo pela equipe de Detroit já nas primeiras semanas da temporada regular.

MENÇÕES HONROSAS:

Amari Rodgers – WR – Green Bay Packers

Pat Freiermuth – TE – Pittsburgh Steelers

D’Wayne Eskridge – WR – Seattle Seahawks