Seleção brasileira feminina de vôlei terminou os jogos olímpicos com a medalha de prata mais dourada do time Brasil.
Elas chegaram desacreditadas. Ninguém as colocava como favoritas. Poucos imaginavam que elas poderiam subir ao pódio. China, Itália, Sérvia, Estados Unidos, todos esses países foram colocados como um patamar acima da seleção brasileira antes do início dos jogos. E mesmo assim, quem trouxe a única medalha para o vôlei brasileiro em Tóquio foram elas.
É até engraçado se pararmos para pensar, pois o vôlei masculino brasileiro de quadra era a grande esperança de medalha, assim como o vôlei de praia. A seleção feminina chegava como a “quarta força” do vôlei feminino mundial – muitos até diziam que as meninas estavam indo para Tóquio apenas para ganhar experiência e poder competir melhor em 2024, já que não conseguiriam jogar de igual para igual com as outras grandes seleções.
As nossas meninas fizeram uma campanha histórica nessa Olimpíada. Elas deram tudo de si em quadra e todo o trabalho duro que elas fizeram na VNL e nos treinamentos antes dos jogos olímpicos foi recompensado. Mesmo fazendo uma final abaixo do esperado, o Brasil foi muito bem representado no vôlei feminino, porque toda a campanha delas para chegar até ali foi impecável.
Além de lutarem contra todas as adversidades possíveis – como o corte de Tandara Caixeta da seleção por doping – com a cabeça erguida e com muito ânimo, as meninas contaram com a sabedoria de Zé Roberto Guimarães, um treinador multi vitorioso que cresce muito em olimpíadas e conseguiu acrescentar mais uma medalha em seu extenso currículo.
Espero que, com essa medalha, o voleibol feminino brasileiro seja mais valorizado e menos subestimado. O esforço, o trabalho duro, as belíssimas partidas e vitórias… podem ter certeza que tudo que elas fizeram nesses jogos olímpicos foi histórico.
Vamos falar um pouco mais da trajetória das nossas meninas em Tóquio 2020 e sobre o que fica para Paris 2024?
A trajetória até a final
O Brasil tinha pela frente, no grupo A, os seguintes países: Quênia, Coreia do Sul, Japão, Sérvia e República Dominicana. Na estreia, as nossas meninas enfrentaram as sul-coreanas e venceram por 3×0 em um jogo super tranquilo, foi uma ótima estreia e que deixou os torcedores animados. A seguir, um adversário um pouco mais difícil: a República Dominicana. As dominicanas sempre dão trabalho para as brasileiras, e dessa vez não foi diferente – ainda sim, deu Brasil no tie break: 3×2 em um jogo bem disputado.
A terceira rodada voltou a ser tranquila para a seleção brasileira feminina, em jogo disputado contra o Japão – mais um 3×0 e 3 vitórias em 3 jogos. Podemos dizer que a seleção alternou entre jogos tranquilos e jogos mais difíceis, já que logo após as japonesas, a Sérvia veio para dificultar a vida das nossas meninas novamente. No entanto, o Brasil estava tão bem que nem deixou Boskovic e suas colegas de equipe terem chance – 3×1 e mais uma boa vitória. Para terminar, as brasileiras enfrentaram as quenianas e fecharam a fase de grupos invictas, com 100% de aproveitamento: 5 vitórias em 5 jogos e 1º lugar do grupo.
Depois de ver que a seleção brasileira feminina passou em primeiro lugar do grupo com 100% de aproveitamento, o torcedor brasileiro ativou o modo ilusão, porque além do Brasil estar jogando um bom voleibol, uma das principais seleções cotadas ao ouro deu adeus aos jogos olímpicos ainda na fase de grupos: a China.
Contudo, o Brasil teve um adversário duríssimo pela frente nas quartas de final: o ROC (Comitê Olímpico Russo). Esse jogo foi um verdadeiro teste para cardíacos, pois as atletas da Rússia são muito boas. Mas já dizia Luís Roberto “Aqui não, bebê!”. As brasileiras conseguiram focar e fizeram um ótimo jogo, tanto defendendo como atacando, e obtiveram uma grandiosa vitória por 3 sets a 1, avançando para a semifinal.
Vale lembrar que, antes do jogo da semifinal contra a Coreia do Sul, a atleta brasileira Tandara foi pega no exame antidoping e teve que voltar ao Brasil, dando assim adeus aos jogos olímpicos. Foi uma situação muito triste e que deixou tanto as jogadoras como os torcedores brasileiros abalados. O caso ainda não foi solucionado e não podemos tirar conclusões precipitadas.
Nas semis, portanto, o Brasil enfrentou o adversário da primeira rodada: a Coreia do Sul. Embora as sul-coreanas tenham dado mais trabalho do que na fase de grupos, a nossa seleção conseguiu mais uma vitória por 3×0 e foi à grande final.
A grande final, mais uma contra os Estados Unidos… uma reedição da final da Liga das Nações que ocorreu há pouco mais de um mês. Nossas meninas lutaram muito, mas infelizmente não foram páreas para as estadunidenses e ficaram com a medalha de prata. O placar foi de 3×0, com parciais de 21/25, 20/25 e 14/25. Tudo deu certo para as norte-americanas e a seleção brasileira estava muito nervosa.
Quero destacar que todas elas foram incríveis e jogaram muito bem. Derrota nenhuma vai apagar isso. Fe Garay, Macris, Gabi, Brait, Tandara, Rosamaria, Roberta, Natália, Ana Beatriz, Ana Carolina, Carol Gattaz e Ana Cristina: meu mais sincero muito obrigada. Obrigada por representarem o Brasil e darem orgulho para nós!
O que fica?
Na minha opinião, fica um belíssimo resultado e muito orgulho. A seleção está em um ciclo de renovação, enfrentou diversas dificuldades para estar nessas olimpíadas, teve que lidar com lesões e com o caso de doping de Tandara… essas mulheres foram guerreiras demais só por estar ali e ainda por cima conseguiram trazer uma medalha, a única do vôlei para o país.
Elas entraram desacreditadas e saíram como heroínas. Não importa que tenham perdido a medalha de ouro para os Estados Unidos, que era claramente a seleção favorita. Elas provaram que o voleibol brasileiro feminino não pode ser subestimado e eu tenho certeza que todos os torcedores do Brasil estão muito orgulhosos delas.
Temos um belíssimo futuro pela frente. Zé Roberto tem um grupo muito unido em mãos e sabe como trabalhar e extrair o melhor dele. As meninas estão mais juntas do que nunca e eu acredito que em 2024 faremos história novamente. Infelizmente não contaremos com jogadoras importantes como Fe Garay e Camila Brait, que anunciaram suas respectivas aposentadorias da seleção. Carol Gattaz provavelmente também encerrará sua carreira na seleção após essa olimpíada, mas mesmo assim, uma coisa é certa: há futuro para o vôlei feminino brasileiro.
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