Seleção brasileira masculina de vôlei terminou as Olimpíadas em 4º lugar após pífias atuações nos jogos decisivos.
Decepcionante. Essa é a palavra que pode definir a campanha da seleção brasileira masculina de vôlei nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Se pararmos para pensar racionalmente, 4º lugar em uma olimpíada não é ruim, muito pelo contrário, é um ótimo resultado para um país que não investe nos esportes e nos atletas, como é o Brasil. No entanto, a realidade é diferente para a seleção brasileira masculina de vôlei, que era a grande favorita ao ouro.
A seleção brasileira chegou para as Olimpíadas de Tóquio vinda de um ótimo resultado na Liga das Nações (VNL): foi campeã em cima da Polônia, uma das melhores seleções do mundo no voleibol. Ao longo desta competição, teve pouquíssimas derrotas e demonstrou um voleibol de alto nível, o que trouxe muitas esperanças ao torcedor brasileiro de que esses jogadores poderiam conquistar o ouro olímpico novamente. Além disso, contávamos que com a volta do técnico Renan Dal Zotto, recuperado da COVID-19, o Brasil entraria ainda mais forte na disputa pelo ouro. Contudo, isso não aconteceu.
Sejamos justos: o Brasil não teve vida fácil, seja na fase de grupos ou na fase de mata-mata, mas nada justifica o péssimo nível de vôlei apresentado, especialmente vindo de um 1º lugar na VNL.
No grupo com França, ROC (Comitê Olímpico Russo), Argentina, Estados Unidos e Tunísia, o Brasil ficou em 2º lugar, com 10 pontos (4 vitórias e 1 derrota), atrás apenas do ROC. Esses resultados, à primeira vista, parecem muito bons, certo? No entanto, são enganosos.
Os jogos
No primeiro jogo contra a Tunísia, o Brasil jogou mal. Não foi uma boa atuação da seleção brasileira, mas como os tunisianos eram limitados tecnicamente, os brasileiros conseguiram vencer, porém não convencer. Como era apenas o primeiro jogo, ninguém se preocupou muito, já que poderia ser apenas nervosismo de estreia. Contra a Argentina, o nível ruim da seleção brasileira ficou um pouco mais aparente, mesmo com a vitória brasileira de virada. Mas a partida contra o Comitê Olímpico Russo, um dos times mais fortes do grupo, escancarou o pífio voleibol que o Brasil vinha jogando e, assim, o ROC impôs uma derrota dolorida (e merecida) sobre a nossa seleção. A equipe treinada por Renan Dal Zotto ainda conseguiu mais duas vitórias contra França e Estados Unidos, jogando melhor em relação aos outros jogos, mas ainda sem atingir seu maior potencial.
Mesmo com um voleibol questionável, a seleção brasileira masculina avançou para as quartas de final, em que enfrentou os japoneses. Foi um jogo mais tranquilo, visto que o Japão ainda tem uma seleção fraca. Portanto, o Brasil venceu e seguiu para a semifinal. Na semi, um adversário já conhecido e que havia massacrado a nossa seleção na fase de grupos – o Comitê Olímpico Russo. Se a derrota na fase preliminar doeu, pode ter certeza que a da semifinal machucou ainda mais. Os brasileiros não jogaram mal, mas esbarraram em um problema recorrente – a dificuldade de segurar uma grande vantagem. Com 1×1 em sets, o time do Brasil chegou a abrir 20×12 no 3º set, mas acabou sofrendo a virada e perdeu o set para os russos. Consequentemente, o psicólogo dos jogadores brasileiros ficou abalado e o ROC fechou o jogo em 3×1.
Restou a medalha de bronze para a seleção brasileira, em mais uma disputa com a Argentina. Mas nem isso deu certo para o Brasil nessa edição dos jogos olímpicos – mais uma derrota em partida decisiva, desta vez no tie-break. Um 4º lugar triste e doloroso.
Uma olimpíada para os fãs do vôlei masculino brasileiro esquecerem, visto que o time foi apático e não se agigantou nos momentos decisivos. É a primeira vez que o voleibol masculino termina sem medalha desde os jogos olímpicos de 2000.
O que fica desse 4º lugar?
Uma sensação de “dava para ser melhor”. Dava para a seleção brasileira masculina de vôlei, no mínimo, subir ao pódio. Não digo que esse 4º lugar foi injusto, porque não foi. O Brasil joga MUITO voleibol, mas se escondeu nessas Olimpíadas. Perdeu vantagens importantes, teve seu psicológico abalado, jogadores bons estiveram longe de seu melhor nível. A questão que fica é: como o time piorou assim no intervalo de um mês que houve entre a Liga das Nações e as Olimpíadas de Tóquio? Especialmente vindo de uma belíssima campanha na VNL…
Além dos jogadores brasileiros não conseguirem encontrar seu melhor nível (com exceção de Lucarelli e Lucão), o problema também esteve no banco de reservas. As escolhas de Renan Dal Zotto prejudicaram o time. Renan não pode insistir no central Maurício Souza quando se tem Isac no banco. Não pode preferir colocar Maurício Borges em vez de Douglas. Enquanto Borges praticamente não jogou na VNL, Douglas sempre entrava bem quando era necessário colocar a bola no chão.
As escolhas do técnico brasileiro precisavam ser coerentes com o voleibol apresentado, mas infelizmente isso não aconteceu. Renan preferiu morrer abraçado com seus jogadores de confiança do que dar espaço aos jogadores que vinham jogando melhor… e pudemos ver qual foi o resultado: 4º lugar e uma olimpíada decepcionante para o Brasil, com um time apático e atuações frustrantes de assistir.
Na próxima edição dos jogos olímpicos, talvez não contaremos nem com Wallace e nem com Bruninho, que deixaram seus futuros em aberto na seleção. Talvez tenha sido a última (e pior) olimpíada deles. Uma despedida triste e marcada por duras derrotas.
Espero que em Paris 2024 possamos, ao menos, subir ao pódio e fazer história novamente.
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