O Brasil se destaca no mountain bike e BMX de velocidade, mas não mostrou todo seu potencial.

Parte da magia das Olimpíadas está na capacidade que a cobertura do evento tem de mostrar talentos para o mundo, muitas vezes mostrar esses talentos até para seus próprios países. No Brasil, onde bicicletas são absurdamente caras, prefeituras negam a atletas de BMX o uso das pistas próprias para seu esporte (por incrível que pareça, pistas de skate não são ideais só para skate) e nem as ciclovias são construídas direito, os jogos olímpicos são uma ótima oportunidade para percebemos que os únicos que ainda não perceberam o potencial do nosso país e o talento dos nossos ciclistas somos nós mesmos.

No top 15 do Mountain Bike.

Henrique Avancini, já citado no nosso portal como uma das nossas esperanças de medalha, não falhou em dar suor, lágrimas e graxa para representar o Brasil em Tóquio. Aliás, ele nunca falha em nos representar, o atleta foi campeão mundial de MTB em 2018 e é um dos maiores nomes do Mountain Bike ao redor do mundo, principalmente nas américas. 

Acontece que terminar na 13ª posição (a prova contava com 38 atletas) decepcionou o ciclista. Não entenda mal, essa é a nova melhor posição que um brasileiro já conseguiu nas olímpiadas, mas nas palavras do atleta após a prova: “Não estou aqui para ser o melhor brasileiro (…) Estava aqui para buscar uma medalha inédita”.  Em seu instagram, Avancini afirmou ter construído a sua melhor forma de toda a carreira para essa prova, ele estava confiante na sua busca pelo pódio e disse ser difícil digerir que essa não foi a realidade.

Henrique Avancini nas olímpiadas de Tóquio. Foto: MATTHEW CHILDS/REUTERS
Foto: Matthew Childs/Reuters
Primeira semifinal no BMX de velocidade.

O Brasil teve sua participação com Renato Rezende e Priscilla Carnaval, ambos na categoria Racing. Apesar da quase inexistente transmissão dessa prova pelos veículos nacionais, essa edição do BMX Racing nas olimpíadas chamou a atenção de fãs do esporte ao redor do mundo, principalmente devido a sua pista. O Ariake Urban Sport Park é o primeiro local desse tipo de prova a ser plano (a primeira reta está na mesma altura da última) e a ter o mesmo tamanho de trajeto para atletas do masculino e feminino.

Renato Rezende fez história pelo país ao ser o primeiro brasileiro a chegar na semifinal do esporte nas olimpíadas, enquanto Priscilla infelizmente ficou para trás nas quartas de final. 

Foto; Wander Roberto/COB
Foto: Wander Roberto/COB
Dá para melhorar?

Os resultados são bons, não o suficiente para fazer do Brasil uma potência nesse tipo de esporte, mas revelam um enorme potencial. Depois dessas conquistas, podemos ter certeza que os apreciadores do esporte ao redor do mundo estão reparando no Brasil, ao mesmo tempo em que novas portas estão sendo abertas por aqui. Alguns atletas como Leandro Overall e Gustavo Balaloka já anseiam serem os primeiros a nos representar na categoria Freestyle do BMX nas próximas olimpíadas. Enquanto isso os que competem por nós agora com certeza não pensam em desistir. Afinal, conseguir medalhas inéditas é uma das nossas especialidades.