Em jogo disputado, seleção brasileira masculina venceu a Polônia por 3 sets a 1 e conquistou a medalha de ouro na VNL. 

A Liga das Nações de Voleibol Masculina (VNL) acabou na manhã deste domingo (27) com um final feliz para os torcedores e jogadores brasileiros: O Brasil venceu a Polônia de virada, por 3 sets a 1, e se consagrou campeão pela primeira vez da VNL. 

A seleção brasileira havia terminado a fase de grupos em 1º lugar, um ponto à frente dos poloneses, que vinham logo atrás em 2º. Lembrando que Brasil e Polônia já haviam se enfrentado nesta fase preliminar e os brasileiros venceram por 3 sets a 0. 

Nas semifinais realizadas através do cruzamento olímpico, o Brasil enfrentou um desafio difícil: pegou a França, que havia terminado em 4º e já havia derrotado a nossa seleção na fase de grupos. No entanto, os brasileiros, em jogo realizado na manhã do sábado (26), conseguiram se impor, dominaram os franceses e venceram com propriedade: 3×0, com parciais de 25/20, 25/18 e 25/19. Na outra semifinal, que ocorreu mais tarde no mesmo dia, a Polônia enfrentou a Eslovênia. Os eslovenos deram algum trabalho aos poloneses, mas não teve jeito – vitória da Polônia, também por 3×0, com parciais de 25/22, 25/21 e 25/23.

Na disputa da medalha de bronze, Eslovênia e França se enfrentaram e os franceses venceram a disputa por 3 sets a 0, ficando em 3º lugar e levando 300 mil dólares para casa. O campeão levou 1 milhão de dólares e o vice 500 mil. 

A Liga das Nações é uma competição recente e que substituiu a Liga Mundial, que acabou em 2017. Assim, em 2018 a VNL já estava em disputa. A seleção brasileira masculina participou, assim, de todas as edições desta competição e, para falar a verdade, não possuía um histórico muito bom: ficou em 4º lugar nas duas últimas edições. Ainda bem que essa história mudou esse ano, né? 

Além disso, a seleção brasileira masculina tem um embate muito bom com a Polônia, pois já enfrentaram os poloneses em diversas oportunidades, incluindo em jogos que tiveram finais que não foram muito felizes para o Brasil: em 2014 e 2018, ficaram em 2º lugar no Campeonato Mundial de Vôlei e, em 2019, perderam na disputa pelo bronze da VNL e acabaram em 4º lugar.  Dessa forma, existia um certo revanchismo para essa final, já que os brasileiros queriam acabar com essa “freguesia”. 

Antes da partida, tivemos uma cena muito legal na concentração brasileira – o técnico Renan Dal Zotto, ainda em recuperação da COVID-19, não pôde estar presente em quadra mas passou instruções e incentivou seus jogadores em uma videochamada realizada na manhãzinha de domingo (27). Essa interação é importante, porque é ele que comandará o time em Tóquio caso se recupere a tempo. 

Agora, vamos falar um pouco sobre como foi o jogo, sobre como chega a seleção para Tóquio e também da convocação para os jogos olímpicos? Vem comigo! 

A partida 

Todos esperavam um confronto difícil, afinal as duas melhores equipes da competição estavam se enfrentando. De fato, foi um jogo em que ambas as equipes apresentaram um voleibol de altíssimo nível, mas ainda sim esperava-se mais da Polônia. 

O primeiro set foi o pior da seleção brasileira. Os poloneses chegaram com tudo no jogo, acertando diversos saques e salvando bolas extremamente complicadas, enquanto o Brasil não conseguia aproveitar seus contra-ataques e estava, visivelmente, ainda tentando se encontrar em quadra. Esse set foi realmente o mais complicado para os brasileiros, pois estavam tendo seus ataques bloqueados e pareciam com dificuldades para encaixar seu jogo. Assim, os poloneses se aproveitaram também dos erros do Brasil e fecharam o set: 0x1, parcial de 22/25

No segundo set, os brasileiros não se deixaram abalar pelo 1º set e voltaram bem para a quadra – os ataques pareciam fluir melhor e o bloqueio estava melhorando, mas ainda sim os contra-ataques não eram bem utilizados e percebia-se, algumas vezes, uma diminuição na concentração e uma vontade de definição muito rápida, sem a calma necessária para controlar o jogo. No entanto, a Polônia começou a errar mais e seus principais jogadores perderam um pouco da confiança que tiveram no primeiro set. Dessa forma, o Brasil conseguiu fechar e empatar o jogo: 1×1, com parcial de 25/23.

O terceiro set foi mais tranquilo para a seleção brasileira. Com os bloqueios funcionando bem e a melhora na virada dos contra-ataques, os brasileiros finalmente se encontraram em quadra e aí… quem para, né? Além da crescente dos jogadores do Brasil, que estavam até fazendo alguns pontos de saque (ace), a confiança dos jogadores poloneses diminuiu ainda mais, e a partir daí foi só alegria. Tudo começou a dar certo para a nossa seleção e os brasileiros viraram o jogo – 2×1, com parcial de 25/16

O quarto set foi primoroso para o Brasil. Com a Polônia cada vez mais perdida em quadra, errando diversos ataques e forçando os saques, a seleção brasileira soube controlar muito bem o set e fez o que faz de melhor: variou ataques pelo meio e pelas pontas, bloqueou os jogadores poloneses, fez pontos de saque, defendeu bolas difíceis e, assim, colocou o jogo no bolso. Foi um verdadeiro recital dos brasileiros e eles conseguiram fechar o placar em 3×1 com uma parcial extraordinária de 25/14 (!). 

O destaque brasileiro nessa partida foi Wallace, que fez incríveis 22 pontos e foi muito bem na partida. Do lado polonês, Kurek se destacou com 17 pontos.

Seleção brasileira comemora ponto contra a Polônia. Foto: Divulgação/FIVB

Vale lembrar que, assim como na final do feminino, tivemos dois jogadores utilizando a camisa da campanha EqualJersey, que prega a igualdade de gênero no vôlei e visa premiações e regras iguais para ambos os sexos. Jogadores do sexo masculino e feminino, que usam o mesmo número de camisa, vestiram uniformes com seu próprio nome e também o nome de um(a) jogador(a) do sexo oposto. Sendo assim, durante a partida, Wallace (camisa 8) e Kurek (camisa 6) utilizaram a camisa com os nomes Wallace/Goncharova (Rússia) e Kurek/Koroleva (Rússia). 

Tivemos também a premiação do “Dream Team” (melhor time do campeonato) ao final da partida e só deu Brasil e Polônia. Porém, discordo de uma nomeação: Bruno (BRA) deveria ter levado o prêmio de melhor levantador, pois jogou MUITO nesta Liga das Nações. Houve também um fato curioso, pois dois jogadores acabaram dividindo dois prêmios. Vamos às nomeações: 

Melhor líbero: Thales (BRA);

Melhor levantador: Drzyzga (POL);

Melhores ponteiros: Leal (BRA) e Kubiak (POL);

Melhores centrais: Maurício Souza (BRA) e Bieniek (POL);

Melhores opostos/MVP: Wallace (BRA) e Kubiak (POL).

Como chega a seleção para a olimpíada? 

Se você quer uma resposta direta, aqui está: forte, muito forte. Caso queira uma análise mais completa, continue por aqui! 

É fato que a seleção brasileira masculina tem seus problemas. Contudo, hoje é possível notar que ela tem mais qualidades que dificuldades. Alguns problemas que os jogadores ainda enfrentam são alguns lapsos de concentração, além de não conseguirem manter uma vantagem de pontos por muito tempo, deixando o adversário chegar a pontuação brasileira muito rapidamente. Mas esses problemas todas as seleções acabam enfrentando, tanto na modalidade masculina como na feminina. 

Sendo assim, o maior problema, na minha perspectiva, é esse que irei citar agora – em momentos de muita pressão na partida, os jogadores brasileiros querem finalizar a jogada muito rápido e acabam não pensando direito. Consequentemente, não tomam a melhor decisão de ataque e isso resulta em contra-ataques ou bloqueios da seleção adversária. O Brasil não pode se dar ao luxo de errar assim, especialmente contra as melhores seleções. 

Citados os maiores problemas, acredito sim que essa geração da seleção brasileira masculina tenha muita capacidade de fazer uma ótima olimpíada e buscar a medalha de ouro para o Brasil. Somos os campeões atuais do vôlei nos jogos olímpicos, já que vencemos na Rio 2016, então precisamos fazer bonito para que continue assim. 

Os pontos positivos são muitos. O auxiliar técnico Carlos Eduardo Schwanke, que assumiu o time nessa edição da Liga das Nações, fez um bom rodízio de jogadores ao longo da competição, sem prejudicar o entrosamento do time. Ao final, todos os jogadores já se conheciam bem e deram o melhor de si para o time. Também com o decorrer da competição, os bloqueios brasileiros foram melhorando e se tornaram incríveis, seja fazendo pontos ou apenas amaciando as bolas que chegavam para a defesa. Em termos gerais, o Brasil teve ótimas atuações nessa VNL e mereceu o título, tendo apenas 2 derrotas (para França e Rússia) em 17 jogos. 

Além disso, os jogadores tiveram um crescimento extraordinário ao longo da competição: Thales, no início, disputava posição com Maique, mas se firmou no time titular com ótimas defesas e um bom posicionamento, Wallace foi absurdo para a seleção, sempre participando e fazendo muitos pontos, Maurício Souza cresceu nos bloqueios para cima dos adversários e formou uma parede na frente da rede junto com Isac, Douglas entrava bem quando a seleção precisava, Alan cresceu bastante no quesito saque… Bruno, para mim, segue sendo o melhor levantador do voleibol masculino mundial. Lucarelli e Leal foram os donos da grande maioria dos jogos, presentes em quase todos e marcando pontos de tudo quanto é jeito: ace, bloqueio, ataque… até no quesito defesa eles foram bem! Jogaram demais nessa VNL. 

Agora, vamos ver a tão esperada convocação para a Olimpíada de Tóquio? 

A convocação para Tóquio

A convocação dos 12 jogadores da seleção brasileira que irão para os jogos olímpicos no Japão saiu logo após a final da Liga das Nações, na tarde do domingo (27). Sem grandes surpresas, o técnico Renan Dal Zotto leva a melhor seleção possível. 

O jogador Lucão, de 35 anos, pode ser considerado uma “dúvida” dessa convocação. No início, ele foi pai e ficou de fora dos jogos da VNL para curtir seu filho e, além disso, foi suspenso por algumas partidas por conta de um gesto obsceno na final da Copa do Mundo de Vôlei. Quando voltou, não entrou muito bem e pareceu um pouco “enferrujado”, mas tenho certeza que, com mais treinos e mais ritmo de jogo, ele provará que ainda consegue jogar em alto nível. 

Maurício Borges também não fez muito para estar aí, mas é um jogador de confiança do técnico Renan Dal Zotto e pode ter algumas chances em jogos menos críticos.

Confira aqui a lista dos convocados:

Líbero: Thales;

Centrais: Maurício Souza, Isac e Lucão;

Levantadores: Bruno e Fernando Cachopa;

Opostos: Wallace e Alan;

Ponteiros: Lucarelli, Leal, Douglas e Maurício Borges. 

Nas Olimpíadas, o Brasil está no grupo B, um grupo fortíssimo que conta com as seleções de França, Estados Unidos, Rússia, Argentina e Tunísia. Na estreia, dia 24/07, a seleção brasileira enfrentará os tunisianos. Vamos pela medalha de ouro, Brasil! 

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