Seleção brasileira feminina de vôlei perdeu para os Estados Unidos por 3 sets a 1 e ficou em segundo lugar na competição. 

A Liga das Nações de Voleibol Feminino, conhecida pela sigla VNL, teve seu término na sexta-feira (25). Passada a fase de grupos, em que o Brasil passou em 2º lugar, atrás apenas dos EUA, as 4 melhores equipes classificadas disputaram o título: nas semifinais, Brasil e Japão se enfrentaram na manhã do dia 24 e a seleção brasileira feminina venceu por 3 sets a 1, com parciais de 25/15, 25/23, 28/30 e 25/16. Foi um jogo em que o Japão conseguiu impor algumas dificuldades ao Brasil, mas as brasileiras venceram e avançaram à final. Na tarde do mesmo dia, Estados Unidos e Turquia disputaram a última vaga para a grande decisão. No entanto, deu a lógica – as estadunidenses venceram por 3 sets a zero, com parciais de 25/21, 25/23 e 25/20 em um jogo não muito complicado.  

Na disputa de terceiro lugar, Turquia e Japão se enfrentaram e a seleção turca venceu, ficando com a medalha de bronze. 

Por fim, a grande decisão: Brasil e Estados Unidos. Uma reedição da final de 2019 pela mesma competição, em que as estadunidenses bateram as brasileiras para conquistar o 1º lugar. Era esperado que a seleção brasileira, então, trouxesse esse sentimento de “vingança” para o jogo, ainda mais depois da derrota que sofreram para as gringas ainda na fase de grupos – e isso realmente se concretizou logo no início do jogo, porém parece que com o decorrer da partida esse revanchismo decaiu, assim como o ritmo do Brasil. Mas mesmo com o visível cansaço, a seleção ainda deu o seu melhor e lutou até o final, porque esse é o espírito do Brasil: guerreiro. 

A VNL terminou com uma vitória (difícil de engolir) dos Estados Unidos e, após o final da partida, o “Dream Team”, ou seja, o melhor time do campeonato, foi eleito. Estados Unidos e Brasil foram os protagonistas nas premiações e, embora algumas nomeações tenham sido justas, algumas poderiam ter sido melhores, como o prêmio de melhor líbero – que deveria ter ido parar nas mãos de Camila Brait, do Brasil – e o prêmio de melhor jogadora do torneio (MVP). Ao final, os prêmios foram para:

Melhor levantadora: Jordyn Poulter (EUA);

Melhor oposta: Tandara Caixeta (BRA);

Melhor líbero: Wong-Orantes (EUA);

Melhores ponteiras: Michelle Barstch (EUA) e Gabriela Guimarães (BRA);

Melhores centrais: Eda Erdem (TUR) e Carol Gattaz (BRA);

MVP: Michelle Barstch (EUA)

Falaremos um pouco sobre o jogo agora e, depois, das dificuldades que puderam ser percebidas na partida de hoje, além também dos pontos positivos e da tão aguardada convocação para Tóquio. 

O jogo

A partida não era das mais fáceis, afinal os Estados Unidos são um time muito forte no voleibol mundial e figuram entre as melhores seleções do mundo. O Brasil chegou bem para a partida, vindo de bons resultados, mas as estadunidenses vieram ainda melhores, sem nenhuma derrota na Liga das Nações e já com suas 12 convocadas para Tóquio, aumentando assim o entrosamento da equipe. 

O primeiro set foi um bom teste para cardíacos: o jogo começou muito bom, com Brasil e Estados Unidos disputando cada bola. Depois de muita luta, as gringas conseguiram uma boa vantagem de dois pontos e “fecharam” o set por 26/24. Contudo, o técnico Zé Roberto Guimarães chamou um desafio salvador para a seleção brasileira e acertou, colocando mais emoção ainda no jogo, que ficou empatado em 25/25 – digo com tranquilidade que esse foi um dos poucos, se não o único acerto do técnico no jogo. Sendo assim, o set ficou eletrizante e as brasileiras conseguiram uma vitória sofrida com uma parcial de 28/26

No segundo set, as brasileiras não voltaram muito bem, o que preocupou os torcedores, já que elas haviam ganhado o primeiro set e não podiam abaixar a concentração, porque os Estados Unidos são letais. Em mais um set muito disputado, as gringas conseguiram viradas muito boas, sempre recuperando-se no placar quando as brasileiras abriam 3 ou 4 pontos de vantagem. Isso fez muita diferença, pois as estadunidenses tiveram um grandíssimo poder de reação que o Brasil ainda precisa melhorar. Com isso, venceram com um placar de 23/25 e empataram em sets: 1×1

O terceiro set foi quase uma repetição do segundo: as brasileiras voltaram à quadra com a confiança abalada e deram muito espaço para que os Estados Unidos abrissem uma vantagem em sets, e isso as norte-americanas aproveitaram muito bem. Vale destacar também que elas defenderam muito bem os ataques brasileiros durante a partida inteira, utilizando-se  bastante dos contra-ataques e dos bloqueios. O Brasil até chegou a ficar à frente no placar em alguns momentos, mas não deu para as nossas meninas e as estadunidenses viraram: 2×1 e mais uma parcial de 23/25. 

O quarto set deu esperança para o torcedor brasileiro, já que as brasileiras iniciaram a partida com uma vantagem de 4 pontos e parecia que elas tinham criado um bom distanciamento no placar para que as estadunidenses não as alcançassem, fazendo com que a partida fosse para o tie break. Entretanto, tudo desandou, e as estadunidenses, com seu grande poder de reação, tiraram essa vantagem rapidamente e no final até tomou-a para elas: placar final de 21/25, 3 sets a 1 e mais um ouro da VNL que foi tirado de nós pelos Estados Unidos. 

Os destaques da partida foram Gabi (BRA) com 18 pontos, e do lado dos Estados Unidos, a MVP da competição Michelle Barstch, fazendo 22 pontos. 

É importante mencionar que, durante a partida, a líbero brasileira Camila Brait (camisa número 18) e a ponteira estadunidense Jordan Larson (camisa número 10) utilizaram uma camiseta um pouco diferente durante alguns momentos para uma campanha mundial pela igualdade de gênero no vôlei, com os nomes Camila Brait/Kliuka e Larson/Zenger na parte de trás. 

Na ação “EqualJersey” – tradução livre para “Camisas da Igualdade” – jogadores do sexo masculino e feminino (que usam o mesmo número de camisa) vestiram uniformes com seu próprio nome e também com o nome de um(a) jogador(a) do sexo oposto. As camisas representam a luta contra a desigualdade de gêneros, ainda presente no esporte. A campanha é da Volleyball World, entidade responsável pela operação comercial dos principais eventos internacionais de vôlei no mundo.

As dificuldades da seleção brasileira 

A seleção brasileira feminina já havia tido algumas dificuldades com a concentração durante o jogo contra o Japão, mas conseguiram se restabelecer e chegar à grande final. No entanto, esses lapsos de concentração, contra os Estados Unidos, foram mortais. Em momentos cruciais do jogo, geralmente no final dos sets, as brasileiras se perdiam em quadra e deixavam as estadunidenses retomarem a liderança e abrirem vantagem no placar. Isso sem contar os diversos momentos em que o Brasil ficava alguns pontos na frente e logo deixava as gringas encostarem. Contra seleções mais fracas, essa falta de concentração pode não afetar tanto o jogo, mas contra as mais fortes ela é fatal. 

Porém, o maior problema da seleção brasileira feminina, por incrível que pareça, não estava dentro de quadra, e sim no banco de reservas: Zé Roberto ganhou o jogo, mas aparentemente esqueceu que treinava o Brasil e venceu-o para os Estados Unidos. 

Mais uma vez, a teimosia do técnico brasileiro, no comando da seleção desde 2003, esteve presente. A insistência em Dani Lins e Natália durante o jogo foi inexplicável. Dani Lins não vinha em uma boa sequência e Natália claramente não estava 100%, pois voltava de uma lesão. Fe Garay estava muito melhor que ela na partida e o técnico insistiu em Natália durante 2 sets inteiros. Garay só voltou a quadra quando o jogo já estava perdido, no final do quarto set. O que explica, então, Zé Roberto colocá-las em quadra e insistir em ambas em uma final? Muitos falam que ele estava apenas respeitando o rodízio que sempre fez na VNL, ou que estava testando o melhor time para Tóquio… mas era uma final! Era mesmo a hora de fazer mais testes? 

Além disso, suas substituições não surtiram um bom efeito: ele tentou uma inversão ao colocar Dani Lins e Rosamaria em quadra no final dos sets para dar mais fôlego à equipe, porém ambas não entraram muito bem e a inversão não funcionou. Lins, aos 36 anos, possui uma velocidade de reação inferior às outras levantadoras brasileiras e Rosa parou no bloqueio estadunidense algumas vezes. 

Essa insistência em algumas jogadoras, além de suas substituições questionáveis, foram bastante prejudiciais ao Brasil nesta final. 

Os pontos positivos

Nem só de dificuldades vive o time brasileiro. Se no início da VNL as meninas cometiam erros bobos, o entrosamento delas como equipe, com o passar da competição, melhorou muito. A seleção brasileira feminina conseguiu se encontrar como coletivo e não dependeu tanto dos destaques individuais, tanto que foi possível ver várias jogadoras fazendo pontos. O entrosamento das meninas é um ponto que o torcedor brasileiro fica feliz em ver, afinal, são elas que estarão brigando por uma medalha de ouro para o país nas Olimpíadas. 

Algumas jogadoras também tiveram um crescimento de rendimento muito bom na competição: Gabi jogou uma barbaridade e salvou até bola com os pés na final, a dona da rede Carol formou um paredão e bloqueou absolutamente tudo, Rosamaria sempre entrava bem quando o time precisava respirar e sua versatilidade ajudou bastante (ela joga tanto de ponteira como de oposta), Roberta substituiu a titular Macris em partidas mais tranquilas e teve um ótimo desempenho, Carol Gattaz brilhou com seus ataques pelo meio, Camila Brait defendeu demais e salvou bolas que pareciam impossíveis… E Tandara e Fe Garay nem se fala, né? Fizeram uma ótima VNL, carregando o Brasil em diversos momentos. 

Além disso, embora Zé Roberto tenha errado em realizar o rodízio de jogadoras na final da Liga das Nações, ele acertou em fazer isso ao decorrer da competição, pois ele deu chance para quase todas as jogadoras e pôde ter melhor base para escolher as 12 que irão para Tóquio. Dessa maneira, o rodízio funcionou sim, mas não era pra ter usado ele na final, né Zé? 

A convocação para Tóquio 

Com o fim da Liga das Nações na sexta (25), Zé Roberto logo soltou a convocação para as Olimpíadas de Tóquio na manhã deste sábado (26). Ele deixa a levantadora Dani Lins para levar Roberta, a ponteira e oposta Rosamaria substitui Sheilla e Adenízia dá lugar a Bia. 

O técnico brasileiro abdicou de seus medalhões – coisa que eu, como torcedora, fico feliz em ver – para dar lugar à novas jogadoras que estão num nível melhor atualmente e fez uma boa convocação. 

Confira aqui a lista: 

Levantadoras: Macris e Roberta 

Oposta: Tandara

Ponteiras: Gabi, Natália, Fernanda Garay e Ana Cristina

Ponteira/Oposta: Rosamaria

Centrais: Carol, Carol Gattaz e Ana Beatriz (Bia)

Líbero: Camila Brait

O Brasil está no grupo A junto com Coreia do Sul, Japão, Quênia, República Dominicana e Sérvia. A seleção agora continuará sua preparação para os jogos olímpicos e volta às quadras no dia 25/07 para sua estreia contra a Coreia do Sul.

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