Durante a última semana, aconteceu o primeiro campeonato de VALORANT presencial e em formato de LAN na história do game: o VALORANT Champions Tour: Stage 2, ou, apenas VCT. A sede? Reykjavík, cidade capital da Islândia. Dez times de seis diferentes regiões – dentre eles, dois brasileiros – disputaram o primeiro troféu, um prêmio de 200 mil dólares e, claro, os direitos de se gabar no Twitter pelo menos até setembro, data para a qual está marcada a segunda edição do torneio. Mas, antes de analisarmos o campeonato, temos de entender como funciona o jogo.
VALORANT: O QUE É?
Idealizado pela gigante do ramo Riot Games, VALORANT é um jogo de tiro estratégico em primeira pessoa (FPS, sigla em inglês), no qual dois times de cinco se enfrentam em uma partida de 23 rounds divididos em duas etapas de 12 e 11 rodadas. Um dos times começa atacando, isto é, para saírem vitoriosos do round, devem ou plantar a spike e possibilitar sua explosão ou matar seus cinco oponentes. Já os defensores, naturalmente, devem defusar a spike e impedi-la de explodir. Cada round tem um minuto e meio e a batalha pode ocorrer em seis diferentes mapas (por enquanto). O que diferencia o VALORANT de outros FPS como o clássico Counter Strike: Global Offensive (CS:GO) é a presença de quinze agentes, cada um com cinco habilidades distintas – algo nunca visto em jogos do gênero – que criam situações diferentes e imprevisíveis a cada rodada. Seu caráter inovador fez com que a popularidade do game explodisse tanto para quem assiste, quanto para quem joga. A final do VCT, no último domingo (30), bateu 1 milhão de viewers simultâneos, um número muito expressivo para um jogo tão novo. Em maio de 2020, a Riot estimou que 3 milhões de pessoas jogavam VALORANT ao redor do mundo, número que não só deve ter crescido de lá para cá, como é também superior ao de CS:GO, que, de acordo com a Steam, teve seu pico em 1,3 milhões de jogadores.
O TORNEIO: ANÁLISE
Foram 18 jogos de muita ação e disputa, mas não teve para ninguém: o time estadunidense da Sentinels atropelou todo mundo e sagrou-se campeão sem perder um jogo sequer. O MVP do torneio, inclusive, saiu de lá: TenZ. O canadense mostrou porque é o melhor jogador de VALORANT do mundo, liderando quase todas as categorias individuais do campeonato. A vitória da Sentinels é extremamente significativa para a Região da América do Norte, pois eles nunca tiveram qualquer expressão no mundo dos FPS e eram vistos como motivo de chacota por fãs das outras regiões, principalmente a europeia, que, representada pela Fnatic, perdeu a final de 3×0 para os norte-americanos. Consideravelmente superior às outras equipes, a Sentinels mostrou que a América do Norte não está para brincadeiras e vem forte na busca por uma hegemonia no cenário competitivo do game. Outra região tradicionalmente fraca nos FPS também surpreendeu: a Coréia do Sul. O quinteto da Nuturn chegou em terceiro na classificação geral e deu muito trabalho a todos que enfrentou, eliminando, inclusive, um dos times brasileiros, a YNG Sharks e a outra equipe norte-americana, a Version1. A Team Liquid, também da Europa, decepcionou. Grandes favoritos ao título, ficaram apenas em quarto e performaram abaixo das expectativas em todas as séries que jogaram. Japão, América Latina e Sudeste Asiático, representados, respectivamente, por Crazy Raccoon, KRÜ Esports e X10 Esports foram os outros participantes não-brasileiros. Você pode ver o resultado de todos os jogos aqui.
O BRASIL NO MASTERS:

Representados por YNG Sharks e Team Vikings, o Brasil saiu de maneira decepcionante e promissora ao mesmo tempo. A equipe da Sharks venceu apenas um mapa e perdeu as duas séries que jogou, sendo, juntamente à Crazy Raccoon (Japão) a primeira eliminada. A Team Vikings, no entanto, fez muito barulho nas redes sociais. Cotados como uma das favoritas ao título, a equipe liderada por Sacy ficou na quinta colocação. Indiscutivelmente o melhor time de nosso país, o quinteto teve o mais importante: mira. Ficou claro que os brasileiros da Vikings tinham mira o suficiente para vencer duelos individuais contra jogadores das regiões mais fortes, pecaram, contudo, na estratégia. Apesar de extremamente entrosados, muitas vezes eram previsíveis e a composição de agentes utilizada por eles estava obsoleta em relação às inovadoras e imprevisíveis seleções estrangeiras. Faltou, também, versatilidade aos brasileiros: na Sentinels, por exemplo, cada player jogou com 2 a 4 agentes diferentes, enquanto os jogadores da Vikings não passaram de dois. Vale ressaltar que o jogo muda de acordo com o mapa, mas a Vikings não mudou, e isso custou caro.
O Brasil tem duas vagas para o próximo Masters de VALORANT, que ocorrerá em setembro de 2021, em Berlin. A equipe da Vikings é favoritíssima a ocupar uma delas, já a segunda está em aberto: fique de olho para a Gamelanders ou a Fúria, dois outros fortes times do cenário nacional. Quanto a Sharks, sua classificação para a Islândia pode ser considerada uma zebra, então, a não ser que melhorem muito, não devem carimbar seus passaportes à Alemanha.
O FUTURO DO VALORANT NACIONAL:
A quantidade de jogadores talentosos e – na gíria de e-sports – “mirudos” (bons de mira) no Brasil é imensa. Inteligência também não falta. Uma prova disso é que o Brasil é uma região forte em outros jogos de FPS como o próprio CS:GO e também o Rainbow Six Siege. Com um pouco mais de versatilidade e estratégias mais elaboradas, o Brasil tem tudo para chegar ao topo do cenário mundial de VALORANT. A nós, basta torcer.
Gostou? Para mais matérias sobre outros e-sports, veja os outros textos do portal!